Construtor de dignidade: a história de Marcos

Foto: Rocheli Wachholz

Com 7 anos, Marcos Petry Rodrigues colhia tabaco em propriedades vizinhas em São Lourenço do Sul. É irmão do meio em uma família de 12 pessoas. Essa era sua vida na Comunidade Kilombola da Coxilha Negra, a cerca de 30 quilômetros do centro da cidade.

Com 13 anos, para seguir estudando, sua mãe disse que ele precisaria morar na propriedade vizinha, onde trabalhava.

Sem carteira assinada ou qualquer direito trabalhista.

Dormia num galpão. Com o pagamento, comprava comida, roupa e materiais de estudo.

— Eu fui morar com uma família de agricultores, mas obviamente não fazia parte da família deles, não era tratado como um deles.

Saía cedo para a escola, sem transporte, sob chuva, sol ou geada. Assim seguiu a vida, até prestar o serviço militar obrigatório. Depois de um ano, tentou se estabelecer em vários municípios do Rio Grande do Sul.

Formou-se eletricista e exerceu a profissão durante anos. Também foi oleiro, borracheiro e trabalhou no Polo Naval de Rio Grande. Foi quando se casou com Luana Ieque Garcia. Logo depois, nasceu o filho Hanry.

Há alguns anos, a família soube que poderia ter uma casa na Comunidade Kilombola da Coxilha Negra, com apoio do Programa CAPA de Agroecologia, da FLD. Marcos nunca tinha vivido em uma casa própria em sua vida adulta. Sempre morou de aluguel. E, embora Luana e Hanry não tivessem nascido na comunidade, gostavam muito do lugar, por ser mais tranquilo.

— Eu queria muito vir morar aqui — Hanry complementa o pai — para poder ficar perto da minha vó.
Marcos voltou com a família à casa da mãe. Ficaram por um ano. Foi o tempo que durou a construção da nova casa, no terreno ao lado.

— Sou muito grato, mas nada melhor do que ter a casa da gente — conta. — Agora temos mais espaço, privacidade, podemos criar a nossa própria rotina e até comer o que a gente quer e nos horários que quer, sem precisar dar satisfação para ninguém. Na casa da mãe, a gente tinha improvisado uma cozinha e o nosso quarto, tudo em uma única peça.

Marcos construiu a própria casa. Atualmente, exerce a profissão de pedreiro e trabalha na construção de outras habitações de projetos para as famílias kilombolas apoiadas pela FLD.

Foto: Rocheli Wachholz

Com 7 anos de idade, Marcos colhia fumo. Com 13, morava em um galpão e trabalhava sem nenhum direito trabalhista em uma propriedade vizinha, para conseguir estudar. Hoje, tem família e seu próprio lar. Quando entra em casa e olha para o filho, emociona-se.

— A melhor sensação foi ver o Hanry ter o próprio quarto, de poder estudar quando ele quer.

Com sua doação, mais famílias kilombolas podem conquistar o sonho de ter uma moradia digna e segura. Doe agora.

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