A Nem Tão Doce Lar é uma casa-exposição itinerante e interativa que busca popularizar o debate sobre a violência doméstica e familiar, atuar na incidência por efetivação de políticas públicas, na constituição de redes de apoio, no empoderamento de grupos e na superação de violências. O nome faz alusão à citação “Lar doce lar”, muito comum em casas brasileiras.
Foi montada, pela primeira vez, em fevereiro de 2006, mesmo ano em que foi promulgada a Lei Maria da Penha (Lei 11.340). É inspirada na exposição alemã Rua das Rosas, idealizada pela antropóloga alemã Uma Hombrecher, com o apoio da agência Pão para o Mundo (PPM).
A proposta inicial, que tinha ainda uma linguagem europeia, foi apresentada em Porto Alegre durante a 9ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Essa primeira exposição esteve sob a coordenação da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), do Núcleo de Pesquisa de Gênero da Faculdades EST, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e um consórcio de organizações da sociedade civil que atuam na denúncia da violência. Posteriormente, a partir de um amplo processo de construção coletiva, a exposição recebeu um enfoque brasileiro.
METODOLOGIA
Consiste na réplica de uma casa com cenários que reproduzem o ambiente doméstico, apresentando pistas da violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência e população LGBTQIAPN+. Sua metodologia permite dinâmicas de adaptação: a mobília e utensílios que compõem os cenários precisam ser da região para que os mesmos consigam dialogar com a população local.
A Nem Tão Doce Lar já contribuiu para o fortalecimento das redes de apoio de mais de 95 municípios de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal. Mais de 5 mil pessoas passaram pelas Oficinas de Formação, que envolvem equipes dos equipamentos públicos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições religiosas.
Muitas organizações parceiras se destacaram ao longo dos anos na realização, entre elas: Ministério Público estaduais, Defensoria Pública, Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH), Universidades, Secretarias Municipais de Assistência, Saúde e Educação, Organizações da Sociedade Civil e Igrejas.
A metodologia se orienta pela Política de Justiça de Gênero da FLD, documento normativo da organização para a discussão da violência de gênero e religiosa, que inclui esta última às cinco tipificações previstas na legislação. Também tem priorizado o debate sobre masculinidades transformadoras, pautando a necessidade de constituição de grupos de homens e a violência doméstica como fator de vulnerabilidade à infecção pelo HIV, responsável pela feminização da Aids no Brasil.