Casa-exposição Nem Tão Doce Lar leva debate sobre violência doméstica e familiar para Pelotas (RS)

A exposição, que foi montada em dois locais, contou com a participação de uma caravana com mais de 70 mulheres kilombolas, além da visitação do público geral.
Entre os dias 11 e 13 de setembro, a casa-exposição Nem Tão Doce Lar esteve em Pelotas (RS) e sensibilizou a comunidade sobre a superação da violência doméstica e familiar. A ação itinerante da FLD levou ao espaço público a representação de uma casa com pistas que denunciavam violências sofridas por mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas, com deficiência e comunidade LGBTQIAPN+. A exposição foi montada na Secretaria Municipal de Cultura, nos dias 11 e 12, e na Praça Centro de Artes e Esportes Unificado – CEU das Artes, nos dias 12 e 13, com visitação gratuita aberta ao público.
Durante a experiência, visitantes circularam pelos diferentes cômodos da casa, identificaram pistas deixadas nos cenários e, ao final, participaram de rodas de conversa conduzidas por pessoas acolhedoras. Cartazes informativos sobre os diversos tipos de violência ajudaram a ampliar a compreensão do tema, propondo métodos de prevenção e incentivando a denúncia.
Janaína Silva, servidora pública, destacou o quanto o cenário e a experiência sensorial que ela promove é importante para que as pessoas identifiquem como situações do cotidiano doméstico podem ser violências, apesar de muitas vezes serem encaradas como normais. “Me chamou a atenção os detalhes expostos na casa, porque mostra que alguns sinais, que parecem normais às vezes, são violência e a gente nem se dá conta”, destaca.
Além da casa-exposição, a iniciativa contou com uma Oficina de Formação voltada a integrantes da rede de proteção, de equipamentos públicos e organizações da sociedade civil. A atividade aconteceu no dia 10 de setembro, na Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, e fortaleceu a rede de apoio do município e região.
A ação inclui também distribuição de materiais informativos e orientação ao público como, por exemplo, reforçar os canais de acolhimento e denúncia. Em Pelotas, a atividade foi realizada em parceria com a Secretaria Municipal da Mulher, Secretaria Municipal de Cultura, Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (Gamp), Comitê de Desenvolvimento do Loteamento Dunas (CDD) e Cáritas Arquidiocesana de Pelotas.
Experiência transformadora
Luciane Almeida, pedagoga e socióloga, participou da oficina e destacou a relevância da proposta. “A experiência particular que eu tive foi de identificar algumas violências que antes não me pareciam violência, mas que são. Principalmente ao trabalhar com a perspectiva do feminicídio vicário, fui identificando formas sutis e naturalizadas de violência. Foi muito importante e significativa toda a oficina. Inclusive, eu não ia retornar à tarde e retornei”, relatou.
Ela reforçou ainda a importância de ampliar o alcance da metodologia. “Penso que é fundamental que outras mulheres possam acessar esse tipo de oficina e que se mantenha essa metodologia de participação e escuta, porque temos que enfrentar, e às vezes enfrentar dói.”

Participação
Aberta ao público em geral, a atividade em Pelotas contou com a participação de uma caravana com mais de 70 mulheres kilombolas, vindas de 25 comunidades de nove municípios do bioma Pampa. A visitação integrava a programação do segundo encontro do projeto ‘Mulheres kilombolas na lida por direitos na Pampa’ e teve como objetivo principal alertar as mulheres para as violências que acontecem nos ambientes familiares e que são naturalizadas pela sociedade.
Além disso, foi registrada a visitação de 61 pessoas no espaço da Secretaria de Turismo e 28 pessoas na Praça CEU, no bairro Dunas.
Em 2025, a Nem Tão Doce Lar ainda irá percorrer as cidades de Novo Hamburgo, Nova Santa Rita (RS), Ferraz de Vasconcelos (SP) e Belo Horizonte (MG).
