Famílias do Projeto Innova Ecovida participam de intercâmbio no Uruguai
Uma delegação com 25 pessoas, integrantes do projeto Innova Ecovida, estiveram, nos dias 7 e 8 de outubro, em um intercâmbio no Uruguai. O objetivo da atividade foi conhecer os processos de trabalho em pesquisa e inovação em agroecologia das famílias camponesas da Comision Nacional de Fomento Rural (CNFR) e suas organizações parceiras, e fortalecer o intercâmbio de experiências e conhecimentos junto à Rede Ecovida de Agroecologia. A comitiva foi composta por agricultoras e agricultores, técnicas e técnicos, além de dirigentes da Rede Ecovida de Agroecologia e da Cresol Agri Agência.
A agenda de intercâmbio começou com uma visita da delegação à sede da CNFR, onde se reuniram com o presidente da instituição, Mario Buzzalino, o tesoureiro, Richard García, o coordenador executivo, Gustavo Cabrera, e o coordenador do projeto Innova Ecovida no Uruguai, Marcello Rachetti. O objetivo do encontro foi o de conhecer a história da CNFR relacionada à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural, bem como os desafios atuais enfrentados pela organização.
Na mesma tarde, a delegação foi recebida no Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca pelo subsecretário, Matías Carámbula, e pelo diretor-geral de Desenvolvimento Rural, Gabriel Isola, que apresentaram brevemente as ferramentas, os planos e as políticas voltadas para o setor da agricultura familiar, da agroecologia e as transições agroecológicas nos sistemas de produção.
O dia terminou com uma sessão de troca de experiências com o engenheiro agrônomo e secretário técnico da Comissão Honorária do Plano Nacional de Agroecologia, Federico Sierra, e com o engenheiro agrônomo e representante da Direção-Geral de Desenvolvimento Rural, Fernando Sganga.

O segundo dia de visitas incluiu uma atividade no Centro Regional Sul da Faculdade de Agronomia. As pessoas participantes do intercâmbio visitaram os experimentos de campo dos projetos “Policulturas Hortícolas”, “Alternativas para a Multiplicação de Sementes de Batata” e “Plantio Mínimo na Horticultura”, liderados pelas engenheiras agrônomas, Paula Colnago e Mariana Scarlato, juntamente com sua equipe. Em seguida, houve uma discussão sobre as abordagens metodológicas implementadas em cada país no âmbito do projeto Innova Ecovida: a abordagem de co-inovação e sua trajetória no Uruguai, e a abordagem de campesina e campesino (C&C) que está sendo desenvolvida no Brasil.
À tarde, a delegação visitou duas fazendas hortícolas ligadas à Sociedade de Desenvolvimento San Antonio (Canelones) que participam do projeto e foi recebida pelas famílias produtoras e pelo engenheiro agrônomo e técnico da CNFR, Sebastián Peluffo, que apoia as famílias na transição para sistemas mais agroecológicos e sustentáveis, utilizando uma abordagem de co-inovação. Lá, observaram e discutiram as práticas mais relevantes empregadas pelas famílias no contexto da transição agroecológica: rotação de culturas, uso de adubos verdes e insumos orgânicos, controle biológico de pragas, melhoria das fontes de água e sistemas de irrigação, uso de variedades adaptadas, entre outras. Também destacaram algumas das conquistas e resultados obtidos até o momento.
Para Maria Natividade de Lima, agricultora agroecologista do município de Lapa, no Paraná, a experiência trouxe muitos aprendizados e uma nova visão a partir da realidade que conheceram no Uruguai. “O intercâmbio foi uma grande troca de experiências, sempre na busca por melhorias, por adquirir conhecimentos, onde pudemos avaliar o que serve e o que não serve para as nossas práticas. Foi a minha primeira viagem internacional e o esforço valeu muito a pena. O que mais me marcou foi a vontade das famílias em melhorar, de cuidar mais da natureza, e pude perceber que lá há muita dificuldade, que as famílias não têm apoio político, falta incentivo”, avalia Maria.
Maria destaca ainda a diferença que notou no acesso às instituições de pesquisa no Uruguai, como a universidade que a comitiva visitou, em relação à dificuldade de acesso que ela vê no Brasil. “Na universidade, fiquei muito animada de ver o projeto que estão desenvolvendo. O que me marcou foi a facilidade em acessar a universidade, muito diferente do que vemos no Brasil. Tudo parece mais simples e menos burocrático. A dificuldade que eu senti que as famílias agricultoras têm é que não é fácil produzir, principalmente pela questão do solo, com áreas muito alagadas e muito rasas, mas mesmo assim há um grande esforço e vontade delas em produzirem alimentos”, finaliza.

Projeto Innova Ecovida
O projeto Innova Ecovida é executado pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD), por meio do Programa CAPA de Agroecologia, com a Rede Ecovida de Agroecologia e compõe o programa global ‘Organizações de agricultores líderes em pesquisa e inovação em agroecologia para sistemas alimentares sustentáveis”, chamado de FO-ledR&I. O projeto é apoiado pela União Europeia (UE) e Organização de Estados da África, Caribe e Pacífico (OACP), por meio do instituto Infocos Agri-Agência.
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