Jornada Nem Tão Doce Lar mobiliza profissionais e sociedade civil em Ribeirão das Neves (MG)
A cidade de Ribeirão das Neves (MG) recebeu, entre os dias 11 a 14 de novembro, a Jornada Nem Tão Doce Lar, iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) que, no município, aconteceu em parceria com a Instituição Beneficente Martim Lutero (IBML) e Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves.
A mostra itinerante e interativa, voltada para o incentivo à denúncia e ao fortalecimento das redes de proteção, contou com ação realizada em duas etapas, promovendo uma experiência imersiva para sensibilizar e fortalecer o debate sobre o tema no município e região. As atividades fizeram parte de uma agenda preparatória para a Campanha dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim do Racismo e da Violência contra as Mulheres, que inicia no dia 20 de novembro – Dia da Conciência Negra e vai até o dia 10 de dezembro – Dia internacional dos Direitos Humanos.
Saiba mais sobre a campanha aqui.

“A violência doméstica interfere negativamente no desenvolvimento de crianças e adolescentes, que compõem a maior parte do público da IBML, ainda que não seja praticada diretamente contra esse público. Nesse sentido, enquanto organização da sociedade civil, com essa ação pudemos contribuir para que o tema deixasse de ser restrito ao âmbito privado, ampliando a reflexão e o debate junto à sociedade, com a participação dos equipamentos públicos”, ressalta Dirci Bubantz, conselheira presidenta da IBML. “Pudemos também comprovar que ações em parceria entre organizações da sociedade civil e poder público são caminhos viáveis na promoção do fortalecimento de metodologias para a identificação de situações, e estratégias para a superação da violência”, complementa.
“A apresentação da metodologia Nem Tão Doce Lar em Ribeirão das Neves foi uma experiência profundamente impactante para nossos profissionais, gestores e representantes da sociedade civil. É uma iniciativa extremamente relevante para o fortalecimento do debate sobre formas e estratégias de superação da violência doméstica e de gênero”, afirma Gláucia Costa Brandão, secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania na Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves.
Formação para profissionais da rede de proteção
A primeira etapa da jornada foi marcada pela realização de Oficinas de Formação voltadas para pessoas que atuam nos equipamentos públicos nas áreas de educação, saúde, assistência social e segurança pública, como também representantes de conselhos municipais.
A oficina realizada no dia 11 ocorreu na Secretaria Municipal de Educação e reuniu profissionais das diferentes secretarias. No dia 12, a atividade aconteceu no espaço do CAPACITA, distrito de Justinópolis, ampliando o diálogo com técnicas e técnicos que atuam diretamente no atendimento à população através dos diferentes equipamentos públicos.
Ao todo, mais de 110 pessoas participaram das ações formativas, que abordaram conceitos-chave sobre violência de gênero, mecanismos de identificação de sinais de agressão, estratégias de acolhimento qualificado, reflexões sobre atualizações das legislações vigentes e o fortalecimento das redes de proteção com vistas à aplicabilidade das políticas públicas de defesa das mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência e comunidade LGBTQIAPN+. O conteúdo buscou fortalecer a articulação intersetorial e aprimorar e qualificar as práticas profissionais na rede de proteção.

Casa-exposição cria experiência imersiva sobre a violência doméstica
A segunda etapa da jornada foi a montagem da casa-exposição, instalada na Casa da Mulher Nevense, no distrito de Justinópolis, equipamento público vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social.
A mostra reproduz o ambiente de uma residência típica brasileira, trazendo sinais sutis, mas frequentes, de violências que acontecem dentro de casa e que, muitas vezes, passam despercebidas. A proposta é provocar reflexão e ampliar a compreensão sobre as diversas formas de violência doméstica que afetam mulheres de diferentes idades.
Visitantes percorrem os cômodos da casa e, por meio de pequenos detalhes visuais e narrativos, são convidadas e convidados a identificar situações de risco, abusos velados e comportamentos que compõem o ciclo da violência. A experiência busca sensibilizar o público e reforçar a importância da prevenção e da denúncia.

Engajamento e fortalecimento da rede
A Jornada Nem Tão Doce Lar reforçou a necessidade de articulação entre os equipamentos públicos ligados às secretarias e Prefeitura Municipal de Ribeirão das Neves juntamente com organizações da sociedade civil, movimentos sociais, escolas, universidades e comunidades ecumênicas na aplicabilidade das políticas públicas integradas de enfrentamento à violência doméstica e de promoção dos direitos das mulheres.
Durante a visitação de estudantes e mulheres usuárias dos serviços ofertados pela Casa da Mulher Nevense, foi possível garantir uma maior interação e participação através das rodas de conversa e visitas guiadas no espaço da casa-exposição. Ao total, foram mais de 200 visitas ao longo de dois dias de exposição aberta ao público.

“A realização da NTDL em nosso município foi uma experiência profundamente marcante e necessária. O encontro proporcionou não apenas um espaço de diálogo, mas também um ambiente seguro para que profissionais, usuárias da casa e todos que visitaram nossa exposição. Nos trouxe reflexão sobre caminhos reais para a superação da violência”, diz Genice Figueiredo, secretária adjunta de Ribeirão das Neves e coordenadora administrativa e executiva da Casa da Mulher Nevense.
As rodas de conversa realizadas após as visitações oportunizaram ainda a apresentação dos equipamentos públicos e seu funcionamento ao público, como é o caso do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Andréia Leão e Isabella Fonseca, técnicas do CREAS, afirmam que isso ampliou o conhecimento sobre as formas de apoio disponíveis. “Foi um momento não apenas para conscientizar a população sobre a violência doméstica e de gênero, mas também sobre quais serviços acionar quando a violação é identificada. Essa vivência foi essencial para aproximar a população da política de Assistência Social, esclarecer dúvidas, fortalecer a confiança nos serviços e incentivar a busca por ajuda sempre que necessário.”
Ao unir formação técnica e vivência sensorial, a iniciativa fortalece a atuação dos profissionais da rede, amplia o diálogo com a comunidade e contribui para o desenvolvimento de ações mais eficazes de proteção e acolhimento.
