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Ações conjuntas do projeto promovem bem viver

Ações conjuntas do projeto promovem bem viver
22 de agosto de 2020 Comunicação FLD

Projeto apoiado pela Fundação Banco do Brasil recebe visita de monitoramento virtual

Aconteceu na sexta-feira, 21 de agosto, uma reunião virtual de monitoramento da execução do projeto Rede CAPA de Agroecologia, desenvolvido no âmbito do Programa Ecoforte, apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Fundação Banco do Brasil (FBB) e realizado pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) junto aos cinco núcleos do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). 

 Participaram da reunião o Gerente de Monitoramento de Projetos da FBB, Robson V.Paula, as coordenações do CAPA, a coordenação ampliada de FLD-COMIN-CAPA, integrantes da equipe do projeto e três representantes do público beneficiário. A reunião foi aberta pela secretária executiva de FLD-COMIN-CAPA, Cibele Kuss, com poema “Perguntas quando caminhas”, de Pedro Casaldáliga.

O objetivo principal do encontro virtual foi monitorar a implementação das unidades de referência em agroecologia e dialogar sobre eventuais ajustes necessários em razão das mudanças impostas, principalmente, pela pandemia por Covid-19 e a forte estiagem que atingiu o sul do Brasil.

O projeto Rede CAPA busca responder ao desafio da ampliação da produção e comercialização de alimentos agroecológicos, a partir da implantação de unidades de referência, do acompanhamento à famílias em transição agroecológica, da gestão do conhecimento, por meio de processos de formação e planejamento participativo, da incidência pública, com ampliação da participação coordenada em espaços de controle social e com uma maior divulgação da Rede em âmbito regional e nacional.

De acordo com Robson, o estatuto da FBB exige a visitação e o acompanhamento de pelo menos 10% dos projetos executados, já que ajustes são quase sempre necessários. “Vemos com alegria o comprometimento da FLD-CAPA com a agroecologia. O trabalho realizado ao longo dos anos, inclusive na recente ação conjunta de ajuda humanitária apoiada pela FBB, com entrega de cestas de alimentos da agricultura familiar e camponesa e produtos de higiene de empreendimentos da economia solidária, foi muito assertiva e vocês foram bem referenciadas dentro da FBB”, ilustra.

Uma das Comunidades apoiadas com o projeto é a Comunidade Kilombola do Algodão, em Pelotas/RS, que recebeu a visita virtual por ter implantado duas unidades de referência (URs) – um quintal orgânico e um sistema agroflorestal (SAF) – com 250 mudas de frutíferas (nativas e exóticas) e ainda árvores para a produção de madeira.

De acordo com Nilo Dias, uma das lideranças da comunidade e que recebeu na sua propriedade o SAF, a comunidade tem atualmente 106 famílias que plantam para a sua subsistência, trabalham eventualmente nas propriedades das famílias vizinhas e vendem o excedente da produção quando tem. “O SAF foi implantado aqui na comunidade em forma de mutirão, que é o sistema que utilizamos para realizar muitas atividades. O SAF vai beneficiar a todas as pessoas e um dos aspectos mais importantes é que a própria comunidade pôde escolher as mudas que gostariam de implantar, não foi uma decisão que veio de cima para baixo”, explica Nilo.

Dentre as mudas que integram o SAF estão guabiju, erva-mate, araçá, guabiroba, cedro, canjerana, uma variedade de citros e a proposta é que esse sistema seja replicado em toda a comunidade através de oficinas. No CAPA Pelotas estão sendo implantados oito SAFs e quintais agroecológicos em comunidades kilombolas e indígenas e o projeto todo prevê a implantação de 18 unidades na região.

Márcia Scheer, agricultora que integra a Associação Regional dos Produtores Agroecologistas da Região Sul – Arpasul de Morro Redondo/RS, também foi beneficiada com o projeto e participou da reunião. Assim como ela, outras mulheres agricultoras da Associação, que há 25 anos industrializam e comercializam a sua produção nas feiras ecológicas em agroindústrias informais e em condições precárias, terão aporte em equipamentos, tecnologias e suporte para legalização, atendendo uma demanda histórica dos grupos de mulheres, beneficiando 105 mulheres organizadas em nove grupos.

O projeto aportou para o grupo a que Márcia pertence diversos equipamentos para a sua agroindústria de panificados, aumentando a produção e gerando trabalho e renda para outras famílias. “Produzir a gente sabe, mas precisamos de apoio para projetos e equipamentos para também permitir que as pessoas jovens se mantenham nas propriedades. Com a agroindústria é possível agregar valor aos nossos produtos, ter uma oferta maior e ainda aproveitar melhor as frutas e os produtos disponíveis”, acrescenta.

A Arpasul tem histórico de feiras na região há 25 anos e está recebendo 3 unidades de referência com panificados em Morro Redondo, Pelotas e Arroio do Padre/RS.

“A importância e o diferencial deste projeto é que ele conversa com a realidade das comunidades e o que é entregue dialoga com as necessidades das famílias”, acrescenta Zamir Cardoso, da equipe técnica do CAPA Pelotas que assessora as atividades realizadas a família Scheer.

Outra família que participou da reunião virtual foi a da agricultora Marineuza Aparecida de Castro Zarista, de Alto Alegre, no município de Verê/PR, acompanhada pelo CAPA Verê. Para a família de Marineuza o projeto aporta ações de assessoria técnica para a transição agroecológica e a certificação orgânica dos seus produtos.

Atualmente, a família Zarista precisa trabalhar em outras atividades fora da propriedade para que possa complementar a renda, realidade que Dona Marineuza pretende mudar logo. “Eu adoro trabalhar na terra e produzir. A nossa meta é que logo a gente possa tirar o nosso sustento apenas da propriedade e que tenhamos os nossos produtos certificados como orgânicos”, completa.

Em todo o projeto estão previstas a instalação de 46 Unidades de Referência de quintais agroecológicos, SAFs, frango, processamento de grãos, sementes e feiras das juventudes, nos três estados do sul do país, beneficiando famílias da agricultura familiar e camponesa, mulheres de grupos de saúde, povos indígenas e comunidades kilombolas. O projeto Rede CAPA de Agroecologia: Semeando o bem-viver é executado pela FLD-CAPA, com o apoio da FBB e BNDES.