O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e entidades parceiras organizam encontro no dia 14 de março, Dia Internacional de luta contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida, para discutir e protestar contra a construção da barragem de Itapiranga, no rio Uruguai, entre os municípios de Itapiranga (SC) e Pinheiro do Vale (RS). O local do encontro será a Igreja Matriz da Paróquia São Pedro Canisío, no município de Itapiranga.
O objetivo do evento é discutir com a sociedade e parceiros a atual conjuntura do setor energético nacional, apontando os principais beneficiados e os atingidos pelo atual sistema. O encontro conta com a participação de representantes da Eletrosul, IBAMA e Ministério Público Federal para discutir as consequências das barragens, como também a criação de uma política nacional de direitos dos atingidos por barragens, que possa assegurar juridicamente os direitos dos atingidos.
“Já são mais de 30 anos de resistência, de luta contra esta barragem, já fizemos inúmeras ações junto ao governo para que cancelassem o projeto”, afirma Roque Theobal, da coordenação local do MAB.
Além do MAB, organizam o encontro: Comissão Interestadual dos Municípios Atingidos, Via Campesina, Diocese de Chapecó e Frederico Westphalen, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, Câmara de vereadores, Comércio, SICOOB, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Associação de Pescadores, Colégio Agrícola de Itapiranga – IAESC, prefeituras de Itapiranga, São João do Oeste, Mondaí, SC, Pinheirinho do Vale, Caiçara e Vicente Dutra, RS.
O projeto
A barragem de Itapiranga está em fase de estudos de viabilidade (EIA-RIMA), paralisados desde outubro de 2011 pela justiça federal. São 1500 famílias e uma área de 6 mil hectares de terra, além de ser o último trecho do rio sem represa em território brasileiro.
“Existe uma forte luta contra a construção da barragem, não só das comunidades ribeirinhas, mas sim de prefeituras, comerciantes, igrejas, mídia e organizações da região, pois questionamos o chamado desenvolvimento, sendo que a energia da barragem serve somente para as empresas obterem lucro”, questiona Pedro Melchiors, da coordenação do MAB.
Segundo Pedro, um levantamento realizado pelo MAB em 2009 mostrou que a perda econômica pode ultrapassar 123 milhões de reais por ano com a barragem na movimentação econômica dos seis municípios. “Além das perdas econômicas, teremos diversos impactos sociais, culturais e ambientais, por isso se defende um desenvolvimento sem barragem em defesa dos rios”, concluiu Pedro.
FONTE: MAB
FOTO Arquivo Prefeitura de Itapiranga, maio de 2006: Itapiranga fica na rota de acesso ao Salto do Yucumã, a maior queda d´água longitudinal do mundo, e que já passa a maior parte dos meses inundado devido hidrelétricas já construídas no rio Uruguai: como Itá, Machadinho e, a mais recente, Foz do Chapecó