Durante a realização da sua Assembleia, em São Leopoldo (RS), a FLD apresentou a Rede de Comércio Justo e Solidário. A proposta da rede é “juntar” grupos de geração de trabalho e renda em comunidades luteranas que, através da compra de produtos, estarão exercendo a solidariedade.
Conforme a assessora de projetos na área de Justiça Socioambiental, Juliana Mazurana, a Rede proporcionou a integração dos projetos sociais apoiados pela Fundação. Além disso, propiciou a aproximação de públicos diversos e facilitou o diálogo entre os mesmos. A concretização da Rede se deve ao apoio da Igreja Evangélica Luterana nos Estados Unidos (ELCA) com o complemento do Sínodo do Nordeste Gaúcho.
O início do projeto deu-se em 2012 com 18 grupos e, hoje, são 44, de acordo com a assistente de projetos, Marluí Tellier. Ela contou que a construção do comitê gestor agregou integrantes de projetos na área da alimentação, artesanato, vestuário e coleta de resíduos e reciclagem. “O grupo se reúne periodicamente para avaliar e realizar a gestão da Rede de forma coletiva,” afirmou.
A renovação do apoio em 2013 vai permitir a continuidade das ações. O pastor sinodal Altemir Labes, do Sínodo do Nordeste Gaúcho, disse que a decisão pelo apoio ao projeto decorre do compromisso sinodal com o grupo diacônico. “Se deu certo com o nosso Sínodo, por que não daria nos outros 17 Sínodos? A partir dessa experiência estamos trabalhando a solidariedade, criando essa discussão para conscientizar sobre a importância do apoio dos Sínodos aos projetos da Rede,” relatou. A presença da Rede neste Sínodo acontece nos eventos, como o Dia da Igreja, que contam com a exposição e comercialização dos produtos criados pelos projetos apoiados.
Durante a apresentação, a assessora de Comunicação da FLD, Susanne Buchweitz, apresentou as três ferramentas de divulgação da rede: o folder que já está disponível, um catálogo em formato de site de internet que vai identificar os produtos e contatar os grupos e, por último, um vídeo o qual poderá ser utilizado em escolas, dentre outros lugares, para incentivar o debate. “Essas ferramentas deverão nos ajudar a propagar a ideia do comércio justo, igualitário, onde há uma distribuição dos lucros e os empreendimentos são inclusivos,” disse.
Mostra
A Cooperbom trouxe os quitutes para a degustação ao anoitecer do primeiro dia de assembleia: sucos de butiá e açaí, docinho de abóbora com coco e mousse de araçá vermelho e jaboticaba, dentre outras delícias. Conforme as integrantes Isabel Cunha e Dalva Bactista, mais de 20 sócias/os trabalham para atender aos pedidos.
Tecendo Memórias: Preservação cultural do wandschoner é o projeto de Ivoti, que trouxe os bordados em camisetas, mas principalmente, em panos ou protetores de parede. Conforme Valesca Kreutz, vice-presidente do grupo, o projeto está reavivando a tradição dos antepassados alemães e tem tido boa aceitação. “Os motivos variam, mas as frases são sempre instrutivas, de amor, de alegria, de bem-estar e, florais, se for para enfeitar o quarto ou a sala. Se for para a cozinha, o motivo do wandschoner pode incluir frutas,” disse. Ao menos nove bordadeiras, reunidas há oito anos, divulgam e vendem seus produtos em feiras coloniais.
A pequena mostra dos produtos da rede contou também com a presença da Justa Trama, formada por sete empreendimentos solidários e 600 trabalhadores no ramo do vestuário com algodão orgânico; Conselho de Missão entre Indígenas (COMIN); Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA); Movimento Nacional dos Catadores de Resíduos Recicláveis (MNCR); Mãos do Sul, artesãs atuantes em Porto Alegre e São Leopoldo.
Lançamento
O lançamento oficial dos materiais promocionais da rede está previsto para acontecer neste primeiro semestre e o secretário-executivo da FLD, Carlos Bock, pediu que os participantes divulgassem a rede em seus sínodos, de modo a despertar o surgimento de iniciativas em parceria. Ele destacou a experiência do Grupo AGIR, que realizou no último domingo (17/03), a primeira feira de produtos orgânicos da Paróquia Matriz em Porto Alegre, em parceria com a Ecovale, o Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA) e a FLD.
Um dos integrantes, Rodolfo Fuchs, contou que a ideia resultou de uma visita que o Grupo fez a Santa Cruz do Sul/RS e Venâncio Aires/RS, quando pôde conhecer o trabalho desenvolvido pela Ecovale. “A feira ocorreu durante a celebração do culto dominical e teve boa repercussão. Os produtos oferecidos, como geleias, compotas, sucos, etc., todos livres de agrotóxicos, se esgotaram em pouco tempo demonstrando o interesse dos membros da Comunidade da Paróquia Matriz pela prática de um comércio justo, que valorize o pequeno produtor e promova práticas agrícolas e comerciais sustentáveis,” disse.
Fuchs adiantou que a feira de produtos orgânicos da Paróquia Matriz em Porto Alegre vai se repetir em 21 de abril e, ainda, há o interesse de implantar um sistema de compras coletivas desses produtos. “Todos estão convidados para conhecer o trabalho desenvolvido, auxiliando no seu constante aprimoramento e expansão,” concluiu Fuchs.
Texto e foto: Fundação Luterana de Diaconia/FLD