Em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida comemora dois anos de existência. Representada por uma centena de entidades e organizações sociais – dentre elas, a Fundação Luterana de Diaconia – e com a contribuição de cientistas, pesquisadores, comunicadores, advogados, militantes populares, artistas, defensores de direitos humanos, profissionais da saúde, atores, escritores, etc., o movimento enfrenta o poder político e econômico do agronegócio com dignidade e compromisso com a vida.
Até o dia 09 de abril a Campanha recebe assinaturas e, no dia 10, entrega o Abaixo-Assinado pelo banimento no Brasil dos agrotóxicos já banidos em outros países, durante o lançamento do Plano Safra, na Câmara dos Deputados, em Brasília, marcando os dois anos da Campanha Contra os Agrotóxicos. Vale lembrar que o Brasil ainda permite o uso de substâncias já proibidas em outros países por conta dos seus prejuízos à saúde e ao meio ambiente.
O Rio Grande do Sul comemora neste mês os 30 anos da Lei 7.747/1982 de controle dos Agrotóxicos e outros Biocidas. Nesse dia 03, o deputado Adão Villaverde realizou um Grande Expediente na Assembleia Legislativa, e destacou o pioneirismo de José Lutzenberger, Giselda de Castro, Sebastião Pinheiro, Magda Renner, Caio Lustosa, Ilza Girardi, Jacques Saldanha, dentre outros, que contribuíram com a construção do projeto de lei 155/82 do então deputado Antenor Ferrari, o homenageado nessa tarde.
Francisco Milanez, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), lembrou também que a Organização Mundial da Saúde (OMS) autorizou a utilização de glifosato em níveis cem vezes maiores para a soja transgênica RR, quando ela passou a ser comercializada.
“É triste que após 30 anos esta ainda seja uma lei pioneira e que seja necessário lutar para que o Brasil proíba a entrada de agrotóxicos proibidos nos países onde são fabricados”, afirmou Milanez. A legislação gaúcha, acrescentou, abriu as portas para o surgimento da agroecologia e mostrou também que as transnacionais tinham escondidas “na gaveta” outras soluções, como o Dipel, produto para controle biológico da lagarta – sem venenos.
Para Cleber Folgado, da Secretaria Operativa Nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o trabalho realizado pelos comitês locais e estaduais, nestes dois anos, tem sido um dois mais importantes instrumentos de luta socioambiental. Indicou que em 2013 a Campanha está “firme e atuante” e que nos Estados e municípios sejam conformados comitês locais com os movimentos sociais, parlamentares comprometidos, sindicatos rurais e urbanos, escolas, universidades, associações e grupos de produtores orgânicos, igrejas, artistas, centros de cultura e outros, para enfrentar os desafios. “Precisamos obter vitórias a partir da nossa capacidade de fazer enfrentamento a aqueles que não respeitam nem a vida humana nem o planeta,” manifestou Folgado.
Panfletagens, debates, seminários, denúncias, audiências públicas, projeção de filmes da campanha, palestras, agitação e propaganda, deverão acontecer também em muitos Estados nos dias que antecedem o aniversário da Campanha e o ato central em 9 de abril no Distrito Federal.
Campanha
O objetivo da Campanha é denunciar a falta de fiscalização e os efeitos prejudiciais dos agrotóxicos e defender alternativas como a agroecologia, um outro modelo de produção para o Brasil. Nestes dois anos, a Campanha contou com o filme “O veneno está na mesa” de Silvio Tendler e os três dossiês da ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) para conscientizar a população. O Abaixo Assinado contra os Agrotóxicos, a criação do Coletivo de Comunicadores da Campanha, bem como a produção de Cadernos de Formação, site da Campanha, cartazes, charges, panfletos, músicas, programas de rádio, ajudaram a consolidar a Campanha. Destacam-se a criação de mais Comitês Estaduais Contra os Agrotóxicos e a criação do frente parlamentar de agroecologia.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 40% dos brasileiros (80 milhões de pessoas) vivem em situação de insegurança alimentar. Cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos por ano; o agronegócio envenena 76% do território agricultável; recebe 84% dos créditos do governo, perante os 14% da agricultura camponesa, que coloca 70% dos alimentos na mesa dos brasileiros, diante dos 30% de mercadoria envenenada do agronegócio.
Para assinar pelo “Banimento dos banidos” acesse http://www.avaaz.org/
Mais informações em http://www.contraosagrotoxicos.org/
Fonte: FLD com informações da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e da EcoAgência