Financiado, principalmente, por países como Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e Inglaterra, o comércio de armas cresceu aproximadamente 50 bilhões de dólares na última década. Ciente desta realidade, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) emitiu, às vésperas de mais uma conferência diplomática da ONU, carta manifestando-se a favor de um Tratado de Comércio de Armas (TCA) eficaz e que proteja os direitos humanos e as leis internacionais.
“Que o horizonte de uma humanidade pacificada seja colocado acima dos interesses daqueles que lucram com o comércio de armas”, sublinha a carta do CONIC que, de forma incisiva, complementa: “Que ninguém seja cúmplice desta barbárie”.
Agendada para 18 a 28 de março, em Nova Iorque, a conferência terá como objetivo inibir a proliferação desenfreada de armamentos e propor medidas para que o comércio de armas seja regulamentado “pela razão e pela compaixão, e não mais pela ganância”.
A carta do CONIC expressa que o lobby do setor armamentista pode representar um obstáculo para que o tratado atenda às expectativas da sociedade civil e critica o envolvimento do Brasil em transferências de armas para países que violam os direitos humanos.
Representante da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) nas tratativas em prol da regulação do comércio internacional de armas, a pastora e professora da Faculdades EST, Marie Krahn, disse que a assinatura do tratado terá consequências diretas no Brasil, país diretamente envolvido na transferência de armas para Israel, onde violações graves aos direitos humanos básicos afligem o povo palestino. “Cabe a cada um de nós exigir que o Brasil se posicione com firmeza e em voz alta a favor do TCA, junto com muitos outros países latino-americanos”, frisou.
O documento também faz um apelo a nações como os Estados Unidos e a Rússia para que “sejam vanguarda deste encontro, surpreendendo o mundo com posições claras e objetivas em relação ao comércio de armas”.
A venda ilegal de armas é um dos fatores que contribui para o aumento da violência, tendo em vista que dos 640 milhões de armas de fogo licenciadas no mundo, dois terços estão nas mãos de civis.