A Fundação Luterana de Diaconia realizou, entre os dias 4 e 6 de outubro, na Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo (RS), o curso de multiplicadoras/es da metodologia Nem Tão Doce Lar, que contou com a participação de integrantes da Secretaria de Ação Comunitária (SAC)/Secretaria Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), além de representantes de sínodos luteranos e de outras instituições parceiras da FLD e IECLB. A formação foi promovida pela FLD, em parceria com a Coordenação de Gênero e Coordenação de Diaconia e Inclusão da SAC (IECLB), OASE Nacional e Casa Matriz de Diaconisas.
Na sexta-feira à noite, o grupo visitou a exposição da Nem tão Doce Lar. As/os participantes tiveram a oportunidade de circular pela casa, interagir com o ambiente e fazer questionamentos. Na manhã de sábado, a professora Ms. em Teologia Prática, Márcia Blasi, trabalhou o tema Violência de Gênero, refletindo sobre os papéis construídos socialmente e as consequências destas construções no âmbito doméstico. Márcia falou sobre como o machismo tem sido responsável pela violência cometida contra mulheres e o grande risco da naturalização dessa violência, muitas vezes arraigada na cultura.
O painel da tarde abordou a violência doméstica a partir de recortes específicos: a diaconisa Raquel Kemp falou sobre violência e pessoas idosas; a coordenadora da Coordenação de Diaconia de Inclusão da SAC, diácona Carla Jandrey, sobre violência e pessoas com deficiência; Rogério Aguiar, sobre crianças e adolescentes; e a coordenadora da Coordenação de Gênero da SAC, Rosangela Stange, sobre violência e mulheres. A secretária de Educação de Farroupilha (RS), Mara Parlow, falou sobre políticas públicas e o seu papel na superação da violência doméstica. “As políticas voltadas para o bem estar e garantia de direitos das pessoas precisam ser entendidas como políticas civis”, disse. “As pessoas precisam estar apropriadas dos seus direitos para que possam exercer uma cidadania plena”.
No sábado à noite, a professora Márcia Blasi focou na questão de textos bíblicos que muitas vezes são utilizados para justificar a opressão das mulheres na igreja e na sociedade. Ainda, como alguns textos pouco conhecidos que trazem narrativas de violência contra mulheres, como Juízes 19. “Outros textos, no entanto, propõem uma mudança de paradigma e sugerem equidade entre homens e mulheres, como Gálatas 3.23-28.” O estudo destes textos proporcionou ao grupo momentos de partilha de conhecimentos e mostrou ser possível a contextualização dos textos bíblicos de forma que os mesmos não sejam anulados, mas questionados e reinterpretados.
No domingo, a coordenadora programática da FLD, Marilu Menezes, apresentou a metodologia de trabalho da Nem tão Doce Lar, enfatizando a importância do papel de cada pessoa multiplicadora da metodologia e a vinculação da exposição com a FLD/IECLB. Na sequencia, as/os participantes dividiram-se em grupos, para discutir sobre a metodologia, cenário, capacitação, acolhimento e registros.
Foto: Jair Luis Holzschuh