Finalizou na sexta-feira, dia 5 de julho, o Seminário sobre Política de Gênero, promovido pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em Porto Alegre (dias 4 e 5). O seminário faz parte do processo de construção da Política de Gênero da fundação, iniciado em 2011 por um grupo de mulheres organizado pela FLD. Este ano, por decisão do Conselho, foi criado um grupo de trabalho, integrado por representantes do próprio conselho, da Comissão de Avaliação de Projetos, da equipe da FLD e do grupo de mulheres, para começar a formatar a Política Justa de Gênero da organização.
Convidada como palestrante estava a coordenadora da Secretaria de Mulheres na Igreja e na Sociedade, da Federação Luterana Mundial (FLM), Elaine Neuenfeldt (na foto). Ela apresentou uma reflexão bíblico-teológica e sua relação com a Política Justa de Gênero da FLM, recém aprovada pelo Conselho Geral, durante reunião em Genebra, na Suíça. “Justiça de gênero é a proteção e a promoção da igualdade e dignidade de mulheres e homens criados à imagem de Deus e, portanto, corresponsáveis da criação, de busca do equilíbrio das relações de poder entre homens e mulheres”, define o documento.
O teólogo Felipe Gustavo Koch Buttelli trouxe algumas Reflexões sobre Gênero e a Política de Justiça de Gênero da FLD. “O objetivo de uma política são as relações justas”, afirmou. “E não estamos falando de uma transformação apenas da realidade das mulheres, mas também de como os homens se entendem neste processo”.
Na sexta-feira, a economista da SOF Sempre viva Organização Feminista, Marilane Teixeira, falou sobre Gênero e Trabalho, contextualizando historicamente o surgimento das limitações impostas para as mulheres no mundo do trabalho. “É falsa a ideia de que as mulheres entraram muito recentemente no mercado de trabalho”, disse. Mas no momento em que o mercado descobriu que era mais barato ‘manter’ a mulher em casa, trabalhando de graça e proporcionando o bem estar do marido para este trabalhasse e produzisse de forma eficiente, além de gerar e educar filhos para tornarem-se força de trabalho, começou-se a criar leis que proibiam as mulheres a desempenharem algumas profissões. “Ao analisarmos determinados períodos, é impressionante a quantidade de áreas nas quais as mulheres foram proibidas de atuar.”
Marilane também lembrou um exemplo significativo, que dá uma pequena ideia sobre o que as mulheres enfrentam: na discussão sobre a Lei das Domésticas, a mídia fala sobre “trabalhadores, empregados domésticos”, no masculino, quando dos 8 milhões de pessoas que trabalham na área, 95% são mulheres. Além disso, a discussão escancara o paradoxo nas relações: as e os patroas e patrões querem salários justos para si, mas muitas e muitos polemizam sobre as mesmas condições para as domésticas.
O público que participou do seminário estava representando os parceiros estratégicos da FLD – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), Conselho de Missão entre Indígenas (Comin) e o Movimento Nacional de Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) –. Também a Secretaria de Ação Comunitária/Secretaria Geral da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Rede de Diaconia da IECLB, o Grupo de Pesquisa de Gênero da Faculdades EST, o GT de Gênero da FLD e o Grupo de Mulheres.