Fetiere Sterlin, 33, haitiano que morava em Navegantes (SC), a 78 km de Florianópolis, morreu após ser atacado por cerca de dez homens no sábado, dia 17. Sterlin foi espancado com pedaços de ferro e levou dezenas de facadas no peito. Um crime de ódio, racismo e preconceito.
Sua companheira, a brasileira Vanessa Nery Pantoja, denunciou crime de ódio (crime motivado pelo preconceito).
Antes das agressões, Sterlin foi chamado por alguns garotos de “macici” – homossexual na língua nativa no Haiti. “Quando eles passaram, meu marido não ligou, só falou: 'macici é você'. Não ligou, nem virou, continuou de costas”, disse Vanessa. Segundo ela, um dos rapazes ameaçou: “Se 'macici' sou eu, eu vou voltar pra matar você”.
Pouco depois, quando o casal estava sentado na frente de casa, o grupo retornou com objetos de marcenaria, pá e facas, segundo Vanessa. “Começaram nos agredindo. A maioria foi pra cima do meu marido. O resto foi avançando em cima de nós. Só via eles dando golpes”.
Sterlin foi ferido por vários golpes de faca e morreu a caminho do hospital. “Ele era uma pessoa boa, boa índole, não devia ter acontecido”, disse Vanessa.
Também para o diretor da Associação de Haitianos de Navegantes, João Edson Fagundes, trata-se de um crime de ódio. “Macici é a única palavra que eles [homens brasileiros] aprendem e começam a xingá-los”, disse. Ele afirma que o grupo que atacou Sterlin era composto por moradores do bairro Nossa Senhora das Graças.
Fetiere Sterlin chegou em Navegantes há cerca de dois anos. A pequena cidade do litoral catarinense tem 73 mil habitantes e atrai imigrantes para o trabalho na construção naval e civil. Sterlin era isolador em uma dessas empresas. Fagundes conta que o chefe do haitiano diz ter “perdido o melhor funcionário, pontual e ético”.
Fonte: folhapress / Foto: divulgação Face