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Justiça socioambiental é tema de formação para conselheiras e conselheiros da FLD

Justiça socioambiental é tema de formação para conselheiras e conselheiros da FLD
29 de março de 2016 zweiarts

Justiça Socioambiental foi o tema do espaço de formação da Assembleia da FLD, dando início ao processo de elaboração de uma política para a organização e suas parceiras. Com este objetivo, o ecologista Arno Kayser, do Movimento Roessler para Defesa Ambiental, falou sobre “A evolução do conceito de Ecologia e o desafio da equipe da FLD”, trazendo aspectos históricos e políticos do movimento ecologista, ambientalista e socioambiental, identificando desafios e partilhando reflexões para contribuir com a elaboração do documento.

A coordenadora do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN), Renate Gierus, a assessora de projetos da FLD, Julia Witt, a coordenadora do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) Erexim, Ingrid Giesel,e o coordenador do CAPA Santa Cruz do Sul, Sighard Hermany, refletiram sobre Justiça Socioambiental a partir da visão dos povos indígenas, da agricultura familiar ecológica e dos povos e comunidades tradicionais.

“É preciso perceber a natureza como sustento do ser humano, como vida”, disse Renate, que falou sobre a ideia do bem viver. “Só assim é possível mudar a perspectiva economicista e individualista, para uma perspectiva do cuidado, do respeito e da reciprocidade”. 

De acordo com Renate, a expressão “bem viver” começa a ser usada em muitos espaços. No entanto, é importante entender que bem viver significa muito mais do que bem-estar. “Bem viver brota da profunda e milenar sabedoria indígena, com especial destaque na região andina, que prioriza a vida e os direitos cósmicos, respeita e aceita as diferenças, escuta as pessoas anciãs, sabe comer e beber”.

A assessora de projetos da FLD trouxe a experiência do Projeto Pampa da FLD no trabalho junto a povos e comunidades tradicionais, que incluem povos e comunidades de terreiro, pomeranas e pomeranos, raizeiras e raizeiros, pescadoras e pescadores e benzedeiras e benzedores, entre outros. O Pampa foi o último bioma a ser reconhecido no Brasil, e possui um enorme patrimônio cultural, associado à biodiversidade. A relação dos povos e comunidades tradicionais com a natureza é marcada pela partilha de conhecimentos  e pela consciência de que é preciso preservá-los, para o uso de todas as pessoas. 

Depois de apresentarem rapidamente o histórico do CAPA, criado em  1978, pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil IECLB), Ingrid Giesel e Sighard Hermany abordaram a questão da agroecologia, alimentação orgânica e soberania e segurança alimentar, que ainda enfrenta muitos desafios. Entre estes, conflitos geracionais, resultantes, por exemplo, da dificuldade de mães e pais aceitarem ideias e inovações propostas pelas filhas e pelos filhos, a questão das mulheres e a justiça de gênero, entre outros. Outra questão é o desenvolvimento da consciência de consumidoras e consumidores, no que se refere a uma alimentação mais saudável e mais sustentável. Um dos trabalhos que se destaca e que tem dado resultado são as atividades junto a escolas e comunidades. 

Política de Justiça Socioambiental

Após o encerramento do painel, foi retomado, com as conselheiras e os conselheiros, o diálogo sobre o processo de criação da Política de Justiça Socioambiental da FLD. Foram partilhadas informações sobre o surgimento da proposta e elaboração, os temas principais e transversais a serem considerados e a metodologia de trabalho. Em grupos, integrantes do Conselho da FLD identificaram elementos que devem ser destacados e outros que devem ser acrescentados na construção da proposta.