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Diaconia Transformadora e o papel das comunidades cristãs no enfrentamento às violências

Diaconia Transformadora e o papel das comunidades cristãs no enfrentamento às violências
28 de maio de 2019 zweiarts

A Fundação Luterana de Diaconia (FLD) participou, por meio da exposição interativa Nem tão Doce Lar, do 4º Encontro Sinodal de Mulheres do Sínodo Brasil Central da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), realizado de forma conjunta com a Assembleia Ordinária da OASE Sinodal e o Encontro de Mulheres do Tocantins, de 24 a 26 de maio, na cidade Palmas (TO).

No primeiro dia, o assessor de projetos Rogério Oliveira de Aguiar, facilitador da exposição “Nem Tão Doce Lar” da FLD, trabalhou o tema Diaconia Transformadora: o papel das comunidades cristãs no enfrentamento às violências, a partir de fundamentação bíblica e teológica para a práxis diaconal. O debate trouxe para o diálogo questões como a identidade diaconal das comunidades cristãs e o papel das mulheres à frente dessas ações. Jesus propunha uma inversão radical de valores (Lucas 22.27) ao se apresentar como aquele que se coloca a serviço.

De acordo com o assessor, a diaconia comunitária tem início a partir da dimensão intercessora e litúrgica e ganha o espaço público a partir da sua dimensão prática e política. “Desta forma, abre-se espaço para que a comunidade cristã seja inserida em espaços de incidência e controle social”, disse.

No dia seguinte, o assunto teve continuidade a partir da metodologia diaconal de superação da violência doméstica e familiar “Nem Tão Doce Lar”, com a discussão sobre os cinco tipos de violência previstos na lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que são a violência física, moral, patrimonial, sexual e psicológica. Também foi dada ênfase à violência de gênero e à violência religiosa como desafio a ser enfrentado dentro e fora das comunidades cristãs. A exposição Nem Tão Doce Lar foi montada no local do evento, possibilitando uma abordagem mais dinâmica das atividades.

As participantes saíram com o compromisso de promover o diálogo em seus municípios, contatando as redes locais de apoio, e propor a realização de rodas de conversa sobre o tema da superação da violência doméstica. Além disso, algumas se propuseram a apresentar a metodologia Nem Tão Doce Lar aos gestores públicos e parcerias locais. A ideia é que as comunidades luteranas e organizações diaconais possam ser protagonistas nesse movimento de sensibilização e formação com vistas à prevenção e incentivo à denúncia.

Alguns depoimentos 

“A superação da violência doméstica e familiar é mais difícil que se possa imaginar. Depois das discussões realizadas, nos deparamos com a triste realidade de que a violência existe em nossas comunidades e do lado de nossas casas. Necessitamos exercer a diaconia e nossa cidadania, para auxiliar as pessoas e levar esse trabalho às autoridades municipais. Órgãos e instituições que muitas vezes trabalham de forma individualizada podem se transformar em uma rede, para garantir uma nova oportunidade a mulheres dilaceradas e que não acreditam que possam ter uma nova chance longe do agressor. Com a reflexão sobre os direitos assegurados por lei e com a exposição “Nem Tão Doce Lar” percebe-se que os sinais estão muito claros e precisamos aprender a interpretar para desenvolver a diaconia em nosso dia a dia.”

Gladis Helena Homrich, presidente da Paróquia Tocantins Centro-Sínodo Brasil Central

  

“A avaliação realizada com o grupo foi extremamente positiva. A exposição da casa despertou sensibilidade e compaixão. O encontro foi considerado propício para o desenvolvimento de redes de apoio, pois, não é possível acolher histórias e saber que certamente outras ainda permaneceram guardadas, como se estas não fizessem parte do nosso compromisso diaconal como Igreja Cristã que quer ser atrativa, inclusiva e missionária. O Encontro foi concluído com celebração de culto eucarístico e retorno para as diferentes realidades. O Envio se deu experimentando as palavras de Ester Correia: “No aconchego de um abraço sincero deixamos um pouco de nós e levamos um pouco do outro [da outra]”.

Patrícia Bauer, pastora Sinodal do Sínodo Brasil Central

 

“Alguns conceitos, como ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’,  ou  ‘ela deve ter feito alguma coisa para o marido ficar furioso’,  foram revistos e transformados a partir da capacitação e da exposição da Nem Tão Doce Lar.  Isso pode ser notado nos diversos testemunhos que foram dados no decorrer na oficina. Isso ressalta a importância da sororidade entre as mulheres, dentro e além das nossas comunidades. O desafio que fica é a articulação com as redes de apoio local nas diferentes cidades que foram representadas neste encontro”.

Soliana Schneider, pastora da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Palmas (TO) e vice-presidenta do Conselho Deliberativo da FLD

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