POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
Pela segunda vez, o município de Santa Maria (RS) recebeu a iniciativa Nem Tão Doce Lar. Neste ano, as atividades foram realizadas nos dias 29 e 30 de junho, no antigo prédio da Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Foi realizada a oficina de formação para acolhedoras e acolhedores, que contou com a presença de 17 profissionais de diferentes áreas do conhecimento, pessoas que atuam em diferentes segmentos da rede de apoio na cidade; e, no dia seguinte, a exposição interativa foi montada no saguão do prédio da universidade e aberta para visitação pública.
A Nem Tão Doce Lar é uma iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) que visa sensibilizar e promover discussões sobre o tema da superação da violência doméstica e familiar e, em Santa Maria, foi realizada em parceria com o ELAS Grupo Feminista e a UFSM.
Márcia Paixão, docente da UFSM e coordenadora do ELAS, destacou a parceria e a necessidade da sociedade não seguir banalizando um tema tão importante e cotidiano, inclusive no espaço acadêmico. “Se a gente quer construir outras relações, a gente tem que fazer movimentos. Movimentos teóricos, de parceria e de construção. Penso que essa temática potencializa essas possibilidades”.
Além de Santa Maria, a Nem Tão Doce Lar já esteve, neste ano, em Santo Ângelo e Alegrete (RS), onde mais de 500 estudantes e público geral visitaram a exposição e cerca de 60 profissionais da rede local de apoio e acolhimento de vítimas da violência doméstica e acadêmicas e acadêmicos participaram da oficina de formação para acolhedoras e acolhedores, além das cidades de Cachoeira e Salvador (BA). A iniciativa ainda irá percorrer, em 2023, os municípios gaúchos de Pelotas, Porto Alegre e São Leopoldo, e os estados do Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rondônia.
Oficina de formação
A oficina de formação para acolhedoras e acolhedores foi um espaço de trocas de conhecimento sobre a temática da violência doméstica e familiar e sobre a metodologia da Nem Tão Doce Lar.
Márcia destacou o investimento que vem sendo feito junto à universidade enquanto um espaço formador. “Quando começamos a escutar estudantes, e mesmo a comunidade acadêmica, a violência de todos os tipos está presente, então é um indicativo que precisamos falar sobre isso, sensibilizar, ter formação, no sentido de também teorizar sobre isso”.
Para Aline Walczak, doutoranda do curso de Pós-Graduação em Educação e membra do ELAS, esse é um trabalho que, “por mais que o avanço pareça lento, ele está acontecendo. Por isso, temos que que estar cada vez mais nesses espaços e grupos. Conversar com as mulheres é empoderar elas para dizer um ‘não’ e impedir que uma violência aconteça”.
A oficina foi também um espaço de acolhimento segundo Aline. “Foi um ambiente que nos sentimos acolhidas pra contar nossas histórias. Eu acho que o melhor jeito de desbravar as violências que a gente vive é escutando outras mulheres falando das violências, se identificando com isso e compartilhando. Uma coisa que a gente tem que fazer e fez foi nomear o que são as violências, descobrindo mais coisas sobre elas”.
Exposição interativa
Para o grupo de alunas do 5º semestre do curso de Pedagogia da UFSM, a exposição permitiu a reflexão sobre a necessidade de não se normalizar a violência. “Quando tu percebe um espaço assim, que demonstra esse tipo de coisa, tu começa a perceber o quanto tu está envolvida dentro de um problema. E isso faz com que tu mude o olhar e vá buscar o apoio necessário ou vá ajudar alguém ou vai saber como fazer”, afirmou Deni Santos.
“Nós acreditamos que, além de um espaço de interação, esse é um espaço de diferentes percepções, porque cada pessoa sente algo diferente. E, além de tudo, um espaço de conscientização, porque, às vezes, a pessoa está dentro desse círculo e ela não percebe. Falamos nas pequenas violências, a gente acha que ‘tá tudo bem, isso é normal’, mas não é. Então é importante ter esses espaços pra dar visibilidade”, ressaltou Mylena da Silveira.
A exposição da Nem Tão Doce Lar simula uma casa com diversas pistas que denunciam que, naquele espaço, há violência doméstica e familiar. Nos cômodos da casa, além das pistas, é possível encontrar informações sobre os diferentes tipos de violência, seja contra mulheres, crianças, jovens, pessoas idosas, pessoas com deficiência e população LGBTQIAPN+, e como denunciá-las e fazer o enfrentamento.
“Todo mundo já passou ou conhece alguém que passa por isso. Então é impactante, num primeiro momento, chegar e encontrar esse ambiente que reflete o domicílio todo bagunçado, porque te aciona gatilhos. E é importante tratar, trabalhar essa problemática no público, porque são coisas que a gente não fala de forma tão ampla”, complementou Deni Santos.