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Orgulho e diversidade

Orgulho e diversidade
28 de junho de 2023 Comunicação FLD
TEXTO DA REDE DE DIACONIA

O dia 28 de junho marca um episódio muito importante para a comunidade LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais, Panssexuais e Não Bináries), conhecido como a Revolta de Stonewall, ocorrido no ano de 1969 em Nova York. Iniciou o que seria conhecido mundialmente como um dos principais movimentos de resistência da população LGBTQIAPN+ contra as frequentes agressões e humilhações sofridas. Stonewall era um bar alvo de frequentes ações policiais que sempre terminavam em muita violência e perseguições.

Algumas das principais responsáveis pela resistência foram Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, duas mulheres trans, uma afro-americana e outra de origem latina. Elas foram também responsáveis pela criação da Frente de Libertação Gay e da Organização de Apoio aos Direitos de Gays e Transsexuais. Marsha teve um protagonismo histórico na defesa de direitos da população LGBTQIAPN+, assim como no enfrentamento à pandemia de HIV e Aids nos anos de 1980, inspirando outros movimentos de resistência na Europa e na América Latina.

No início da década 1970, foi realizada a primeira parada pública do orgulho gay. E o dia do Orgulho LGBTQIAPN+ se tornou uma data para celebrar as conquistas e lembrar de que pouco se avançou na garantia de direitos desta parcela da população em muitos países. Em 2021, celebra-se 52 anos desse evento e das lutas que se organizaram a partir de então. Na atual conjuntura política e social brasileira, o tema segue sendo um tabu em muito espaços e a falta de entendimento da maioria das pessoas tem gerado preconceitos, discriminações e violências.

No contexto de pandemia de Coronavirus – COVID-19, a população LGBTQIAPN+, principalmente a mais empobrecida, encontra dificuldades para garantir a sobrevivência. O desemprego, o preconceito, a discriminação e a violência, muitas vezes motivada pelo fundamentalismo religioso, são fatores determinantes para a exclusão social a qual essa parcela da população é submetida.  A falta de acolhimento familiar e a LGBTfobia colocam o Brasil na lista dos países de maior risco para a população LGBTQIAPN+. Quando o foco são travestis e transexuais, a situação se agrava. Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% do grupo é composto por trabalhadoras e trabalhadores do sexo. O desafio de prevenção ao contágio é ainda maior quando a fonte de renda exige o contato físico.

No âmbito das políticas públicas, essa parcela da população é invisibilizada e negligenciada. De acordo com pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Unicamp, a população LGBTQIAPN+ apresenta um aumento nos casos de depressão, perda da renda e moradia. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, pessoas LGBTQIAPN+ têm o dobro de chances de desenvolver psicopatologias associadas à ansiedade e depressão. E esse quadro se torna ainda mais preocupante no contexto de isolamento social.

Viver o evangelho de maneira diaconal é um desafio a ser experimentado todos os dias, é uma conversão diária ao amor incondicional de Deus. Para a vivência diaconal, a exclusão e a discriminação são incompatíveis com a boa nova do evangelho de Jesus Cristo. Desta forma, falar sobre inclusão, garantia de direitos e acolhimento pleno é falar sobre Diaconia Transformadora.  E isso tem relação direta com a diversidade expressa na criação de Deus!

Orgulho de fazer parte da criação de Deus! O texto de 1 Coríntios 12 nos fala da diversidade dos membros do corpo de Cristo e aponta a necessidade e a importância de cada membro em sua especificidade. Quando um membro desse corpo sofre, todos os outros e outras sofrem, pois estão interligados enquanto corpo de Cristo. O olhar evangélico, sob a ótica do que promove a Cristo, deve ser inclusivo em sua essência e acolhedor nas ações transformadoras. O convívio com a diversidade permite enxergar a beleza da criação muitas vezes invisibilizada pelo véu do fundamentalismo religioso! Que prevaleça pois a paz, a fé e o amor!