POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
O estado do Rio Grande do Sul foi atingido, no mês de maio, pelo maior desastre climático da sua história. Chuvas intensas, volumosas e constantes causaram enchentes e alagamentos em 452 municípios, que representam mais de 90% do total de municípios do estado. Mais de duas milhões de pessoas foram afetadas, sendo que milhares ficaram desalojadas e, além de perderem as suas casas, tiveram também as suas fontes de renda destruídas ou fortemente prejudicadas.
Residências, locais de trabalho, estradas e pontes foram destruídas e serviços essenciais, como água potável, energia e comunicação (telefone e internet), seriamente comprometidos. “Foi um momento de desespero. Minha filha ficou muito assustada. Tive que acordar ela de madrugada, deixar com os vizinhos para conseguir salvar algumas coisas de dentro de casa”, relata Jéssica Santos de Borba (27), catadora da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Rio Pardo (Cocamarp), sobre o momento em que a casa dela foi invadida pela água.
Os públicos mais afetados são também os mais vulneráveis, que sofrem com racismo ambiental e injustiça social, principalmente mulheres negras, povos e comunidades tradicionais e famílias produtoras agroecologistas. Dentre as muitas necessidades, a insegurança alimentar pelas quais as famílias estão passando, com falta de acesso a alimentos básicos para a subsistência, junto com produtos de limpeza e higiene, têm sido a principal preocupação.
Diante desta situação, a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) tem atuado de diversas maneiras para auxiliar pessoas e comunidades atingidas pelas enchentes.
Para ajudar a suprir as necessidades mais urgentes, a FLD encaminhou junto ao Fórum Ecumênico ACT Brasil um projeto de ação humanitária para a Aliança ACT, voltado para a entrega de cestas de alimentos, kits de higiene e limpeza e vale-gás para 557 famílias, beneficiando diretamente 2780 pessoas das regiões Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Vale do Rio Pardo, que foram as mais atingidas do estado.
Cooperativa de Reciclagem Renascer de Canoas/RS
Cooperativa Cooprevive de Sapucaia do Sul/RS
COOMCREAL - Cooperativa Mista de Coleta e Reciclagem de Encruzilhada do Sul/RS
Famílias da agricultura familiar de Rio Pardo/RS
Tekoha Araxa’ty do povo Guarani Mbya de Cachoeira do Sul/RS
Tekoha Jatay’ty do povo Guarani Mbya de Cachoeira do Sul/RS
Comunidade Borboleta do povo Kaingang de Salto do Jacuí/RS
Auxílio mútuo
As cestas de alimentos foram compostas com produtos da agricultura familiar ecológica, com legumes e frutas, proteína animal, como ovos, frango e sardinha, e com pães e bolachas da economia solidária. Outros produtos foram comprados nos supermercados locais.
Nos kits de higiene e limpeza, constam produtos da Cooperativa Mundo Mais Limpo, um empreendimento de mulheres da economia solidária que transforma óleo de cozinha reciclado em produtos de limpeza, auxiliando, desta forma, as pessoas que recebem as cestas e também os públicos que tiveram suas fontes de renda e espaços de comercialização duramente afetados pelas enchentes.
Eva Eloí Dornelles de Lacerda, da Cooperativa Vida Saudável e moradora do bairro Harmonia, em Canoas (RS), teve sua casa inundada até o teto. Nos fundos da casa, está a cozinha e a padaria da economia solidária que também ficou inundada. Ela perdeu praticamente tudo. Móveis, equipamentos, utensílios e as fotos, que é o que ela mais sente falta. Assim, Eva está sem condições de produzir e gerar renda. “Fiquei muito feliz de receber vocês em minha casa, que Deus retribua em bênçãos a vocês por tanta dedicação e amor por nós, e a todas as pessoas envolvidas. Gratidão por tudo”, agradeceu.
CMGC - Cooperativa Mato Grande Canoense de Canoas/RS
COOMCAT - Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul/RS
Kilombo Cruz Alta de Rio Pardo/RS
Kilombo Novo Horizonte de Jauizinho/RS
Kilombo Rincão dos Negros de Rio Pardo/RS
Cooperativa Vida Saudável de Canoas/RS
ASAF - Associação dos Artesãos da Feitoria de São Leopoldo/RS e AESOL - Associação de Empreendimentos Econômicos Solidários de São Leopoldo/RS
AMES - Associação de Mulheres Ensinando e Semeando de Porto Alegre/RS
Famílias apoiadas
Dentre os públicos apoiados com as entregas das cestas estão:
- 154 famílias de sete comunidades indígenas – seis comunidades do povo Guarani Mbya e uma comunidade do povo Kaingang, na Região do Vale do Rio Pardo;
- 106 famílias de três comunidades kilombolas na Região do Vale do Rio Pardo;
- 10 famílias de agricultura familiar agroecológica na Região do Vale do Rio Pardo;
- 164 famílias de seis cooperativas e associações de catadoras e catadores de materiais recicláveis nas regiões Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Rio Pardo e Vale dos Sinos;
- 114 famílias de 31 empreendimentos econômicos solidários das regiões Metropolitana de Porto Alegre e Vale dos Sinos.
O vale-gás foi entregue para famílias de catadoras e da economia solidária das regiões Metropolitana de Porto Alegre e Vale dos Sinos.
As entregas acontecem nos meses de julho, agosto e setembro.
Apoio psicossocial de base comunitária
O projeto prevê ainda encontros de apoio psicossocial de base comunitária com mulheres dos empreendimentos econômicos solidários das regiões Metropolitana de Porto Alegre e Vale dos Sinos, que acontecerão na capital do estado e no município de São Leopoldo.
Os encontros visam fortalecer a esperança e as capacidades de recuperação e resiliência na comunidade para criar mudanças duradouras nos contextos locais afetados pela emergência.