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Encontro de mulheres kilombolas discute desafios cotidianos e fortalece a sua identidade

Encontro de mulheres kilombolas discute desafios cotidianos e fortalece a sua identidade
19 de novembro de 2024 Rocheli W

Por Assessoria de Comunicação FLD

Nos dias 15, 16 e 17 de novembro estiveram reunidas em São Lourenço do Sul (RS), aproximadamente 40 mulheres kilombolas de 13 comunidades da região, para o II Encontro de Mulheres Kilombolas do Projeto de Justiça Racial e Educação Antirracista.

Durante o encontro foram debatidos assuntos do cotidiano das mulheres kilombolas. Foto Michele Barcelos Corrêa|FLD

O encontro tem por objetivo a construção de espaços seguros de diálogo para as mulheres, para que possam discutir e compartilhar as suas demandas e necessidades e, através das trocas, fortalecer a identidade kilombola e a importância do protagonismo na defesa de direitos e reivindicações de políticas públicas específicas.

A atividade visa trazer para o centro da discussão a real condição da mulher kilombola na perspectiva da negritude para o enfrentamento ao racismo estrutural e a partir disso e em rede, ampliar suas atuações e promover o protagonismo, principalmente das mulheres negras.

Fortalecimento e protagonismo

De acordo com Madaliza dos Santos Nascente, assessora de Projetos da FLD/CAPA, o encontro é um momento de fortalecimento, de escuta e acolhida entre as mulheres kilombolas. “A atividade é realizada para que as mulheres possam compartilhar entre si, suas experiências enquanto mulheres pretas e kilombolas frente a uma sociedade racista, e as suas estratégias de resistências a partir de seus territórios, além de proporcionar um espaço seguro de dialogo a respeito de questões que atravessam a sua existência, como o racismo estrutural, ser mulher negra, o autocuidado, o cuidado coletivo e a construção coletiva de estratégias para acessar e assegurar os seus direitos individuais e coletivos frente os órgãos públicos municipal, estadual e federal, explica a assessora.

“O evento foi muito importante porque naquele espaço conseguimos discutir muitas questões importantes. Nós recebemos uma semente, que com certeza vai gerar muitos frutos. Os temas trazidos, por pessoas dos nossos kilombos, foram muito ricos e surpreendentes, mesmo pra nós que já estamos há mais tempo na caminhada”, destaca Ana Teresa Santana Ferreira, da Comunidade Kilombola Coxilha Negra, de São Lourenço do Sul.

O encontro é um momento de fortalecimento, de escuta e acolhida entre as mulheres kilombolas. Foto Michele Barcelos Corrêa|FLD

Ainda, segundo Itauane Lima de Quevedo, do Kilombo Monjolo, também de São Lourenço do Sul, a experiência do encontro foi muito importante, pois reúne mulheres negras de várias idades num espaço seguro para discutir diversas questões cotidianas. “O encontro foi uma experiência incrível, pois pude dialogar com mulheres kilombolas como eu, com lideranças mais velhas e também trocar experiências com mulheres jovens. Foi possível discutir sobre vários assuntos, como questões relacionadas às violências que a mulher negra sofre. Agradeço por todo o conhecimento que pude adquirir, as falas que ouvi e também os ensimentos compartilhados”, completa.

Esta edição do evento foi realizada na Pousada Mirante da Lagoa, oportunizando às mulheres um encontro próximo a natureza, permitindo rodas de diálogo olhando para o passado, vivenciando o presente e se organizando para o futuro. O encontro visa pensar sobre as experiências dessas mulheres em espaços violentos e com um olhar para o futuro, construindo estratégias para que não se perca o elo kilombola.

Realização

O encontro de mulheres kilombolas é uma iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), através do projeto de Justiça Racial e Educação Antirracista no Bioma Pampa em parceria com o Grupo de Mulheres Negras MENE, com apoio da Evangelical Lutheran Church in America (Igreja Evangélica Luterana na América/ELCA).

* Optamos por escrever kilombolas com “k” para dar protagonismo aos idiomas originários das palavras (povos africanos).