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FLD recebe Prêmio de Direitos Humanos da Associação dos Procuradores do Estado do RS

FLD recebe Prêmio de Direitos Humanos da Associação dos Procuradores do Estado do RS
30 de outubro de 2024 Comunicação FLD
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD

A Fundação Luterana de Diaconia (FLD) foi premiada com o primeiro lugar no prêmio APERGS de Direitos Humanos Procurador Jacques Alfonsin com o trabalho “Política de Justiça de Gênero – Nem Tão Doce Lar”. O prêmio é uma iniciativa do Departamento de Direitos Humanos da Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul (DDH-APERGS), com apoio da Escola Superior da Advocacia Pública (ESAPERGS).

Em 2024, na sua 4a edição, a premiação contemplou a modalidade “Experiências e Práticas”, com o tema “Igualdade de Gênero como Direito Humano”, desenvolvidas no território do estado do Rio Grande do Sul.

A cerimônia de premiação foi realizada na tarde desta terça-feira, dia 29, na sede da APERGS, em Porto Alegre (RS), e transmitida ao vivo. O certificado foi recebido pela equipe da FLD que atua diretamente com a Nem Tão Doce Lar, iniciativa da organização que propõe a superação da violência doméstica e familiar, de forma lúdica e criativa, trabalhando no incentivo à denúncia, mas também nas ações preventivas e no fortalecimento das redes locais de apoio.

Estiveram presentes na entrega de certificados Marluí Tellier Ferreira, Renate Gierus e Rogério Oliveira de Aguiar, assistente social, assessora e assessor de projetos da FLD, respectivamente; além de Roselaine Rockenbach, presidenta da APERGS, Carlos Henrique Kaipper, vice-presidente, Silvio Jardim, diretor do Departamento de Direitos Humanos, Adriana Menezes de Simão Kuhn, presidenta da ESAPERGS, e Fabiana Azevedo da Cunha Barth, desembargadora.

Política de Justiça de Gênero

A Nem Tão Doce Lar está sustentada na Política de Justiça de Gênero da FLD, aprovada em 2014 e que serve como critério transversal para todo o trabalho da organização. “Entendemos a justiça de gênero como a criação de um ambiente de relações íntegras e justas, a busca de mudanças estruturais e a responsabilidade e o compromisso de cada pessoa por assumir a justiça de gênero como parte intrínseca da criação de outro mundo possível. Não podemos mais continuar com dados alarmantes e cruéis de mulheres que sofrem feminicídio”, afirmou Renate.

A assessora lembrou que, somente no estado do Rio Grande do Sul, do início deste ano até o dia 22 de outubro, ocorreram 72 feminicídios, conforme dados colhidos pela Lupa Feminista contra o Feminicídio, um observatório especializado, e que é parte das ações do Levante Feminista contra o Feminicídio, Transfeminicídio e Lesbocídio. 

“Tampouco podemos, em nosso cotidiano, normalizar a violência contra mulheres e meninas em toda a sua diversidade. A violência não é normal, não é normal a gente ser violentada, viver com medo, não se sentir livre. A misoginia e a cultura do ódio precisam acabar e um caminho possível é observar relações justas entre todas as pessoas. E, nesta jornada, vamos levando a Nem Tão Doce Lar para todos os rincões do Brasil profundo”, ressaltou.

Fala de Renate Gierus, assessora de projetos da FLD. Foto: APERGS Divulgação

Nem Tão Doce Lar

A Nem Tão Doce Lar é uma casa-exposição itinerante e interativa montada, pela primeira vez, em fevereiro de 2006, mesmo ano em que foi promulgada a Lei Maria da Penha (Lei 11.340). Consiste na réplica de uma casa com cenários que reproduzem o ambiente doméstico, apresentando pistas da violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Seu nome faz alusão ao quadro muito comum nos lares brasileiros “Lar doce lar”.

De 2006 para cá, a casa-exposição passou por várias adaptações e segue se transformando a cada dia. Entre as mudanças mais significativas está a inclusão da Oficina para acolhedoras e acolhedores, formação ofertada a equipes de equipamentos públicos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições religiosas e comunitárias. A iniciativa já contribuiu para o fortalecimento das redes de apoio de mais de 95 municípios de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal. 

“Sua característica de metodologia dinâmica e agregadora tem contribuído para o debate em âmbito interdisciplinar e interseccional, na medida em que agrega temas como antirracismo, enfrentamento ao fundamentalismo religioso, proposta de reflexão sobre masculinidades transformadoras, abordagem do machismo e da violência como um problema de saúde pública, como também a análise da violência doméstica como fator de vulnerabilidade à infecção pelo vírus HIV, contribuindo para o que denominamos de feminização da AIDS no Brasil”, explicou Rogério.

Para ele, premiações como a da APERGS propiciam “uma maior visibilidade das ações da Nem Tão Doce Lar no campo da defesa de direitos e do diálogo com o Judiciário na busca de formas e linguagens diversas que colaborem para um mesmo fim: a afirmação de uma vida sem violências como direito humano inegociável”. 

Fala de Rogério Oliveira de Aguiar, assessor de projetos da FLD. Foto: APERGS Divulgação