POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
A Fundação Luterana de Diaconia (FLD) foi premiada com o primeiro lugar no prêmio APERGS de Direitos Humanos Procurador Jacques Alfonsin com o trabalho “Política de Justiça de Gênero – Nem Tão Doce Lar”. O prêmio é uma iniciativa do Departamento de Direitos Humanos da Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul (DDH-APERGS), com apoio da Escola Superior da Advocacia Pública (ESAPERGS).
Em 2024, na sua 4a edição, a premiação contemplou a modalidade “Experiências e Práticas”, com o tema “Igualdade de Gênero como Direito Humano”, desenvolvidas no território do estado do Rio Grande do Sul.
A cerimônia de premiação foi realizada na tarde desta terça-feira, dia 29, na sede da APERGS, em Porto Alegre (RS), e transmitida ao vivo. O certificado foi recebido pela equipe da FLD que atua diretamente com a Nem Tão Doce Lar, iniciativa da organização que propõe a superação da violência doméstica e familiar, de forma lúdica e criativa, trabalhando no incentivo à denúncia, mas também nas ações preventivas e no fortalecimento das redes locais de apoio.
Estiveram presentes na entrega de certificados Marluí Tellier Ferreira, Renate Gierus e Rogério Oliveira de Aguiar, assistente social, assessora e assessor de projetos da FLD, respectivamente; além de Roselaine Rockenbach, presidenta da APERGS, Carlos Henrique Kaipper, vice-presidente, Silvio Jardim, diretor do Departamento de Direitos Humanos, Adriana Menezes de Simão Kuhn, presidenta da ESAPERGS, e Fabiana Azevedo da Cunha Barth, desembargadora.
Política de Justiça de Gênero
A Nem Tão Doce Lar está sustentada na Política de Justiça de Gênero da FLD, aprovada em 2014 e que serve como critério transversal para todo o trabalho da organização. “Entendemos a justiça de gênero como a criação de um ambiente de relações íntegras e justas, a busca de mudanças estruturais e a responsabilidade e o compromisso de cada pessoa por assumir a justiça de gênero como parte intrínseca da criação de outro mundo possível. Não podemos mais continuar com dados alarmantes e cruéis de mulheres que sofrem feminicídio”, afirmou Renate.
A assessora lembrou que, somente no estado do Rio Grande do Sul, do início deste ano até o dia 22 de outubro, ocorreram 72 feminicídios, conforme dados colhidos pela Lupa Feminista contra o Feminicídio, um observatório especializado, e que é parte das ações do Levante Feminista contra o Feminicídio, Transfeminicídio e Lesbocídio.
“Tampouco podemos, em nosso cotidiano, normalizar a violência contra mulheres e meninas em toda a sua diversidade. A violência não é normal, não é normal a gente ser violentada, viver com medo, não se sentir livre. A misoginia e a cultura do ódio precisam acabar e um caminho possível é observar relações justas entre todas as pessoas. E, nesta jornada, vamos levando a Nem Tão Doce Lar para todos os rincões do Brasil profundo”, ressaltou.
Nem Tão Doce Lar
A Nem Tão Doce Lar é uma casa-exposição itinerante e interativa montada, pela primeira vez, em fevereiro de 2006, mesmo ano em que foi promulgada a Lei Maria da Penha (Lei 11.340). Consiste na réplica de uma casa com cenários que reproduzem o ambiente doméstico, apresentando pistas da violência doméstica e familiar contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Seu nome faz alusão ao quadro muito comum nos lares brasileiros “Lar doce lar”.
De 2006 para cá, a casa-exposição passou por várias adaptações e segue se transformando a cada dia. Entre as mudanças mais significativas está a inclusão da Oficina para acolhedoras e acolhedores, formação ofertada a equipes de equipamentos públicos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições religiosas e comunitárias. A iniciativa já contribuiu para o fortalecimento das redes de apoio de mais de 95 municípios de 15 estados brasileiros e do Distrito Federal.
“Sua característica de metodologia dinâmica e agregadora tem contribuído para o debate em âmbito interdisciplinar e interseccional, na medida em que agrega temas como antirracismo, enfrentamento ao fundamentalismo religioso, proposta de reflexão sobre masculinidades transformadoras, abordagem do machismo e da violência como um problema de saúde pública, como também a análise da violência doméstica como fator de vulnerabilidade à infecção pelo vírus HIV, contribuindo para o que denominamos de feminização da AIDS no Brasil”, explicou Rogério.
Para ele, premiações como a da APERGS propiciam “uma maior visibilidade das ações da Nem Tão Doce Lar no campo da defesa de direitos e do diálogo com o Judiciário na busca de formas e linguagens diversas que colaborem para um mesmo fim: a afirmação de uma vida sem violências como direito humano inegociável”.