POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
Pela quarta vez, a Nem Tão Doce Lar esteve no Espírito Santo visando sensibilizar a sociedade para o tema da superação da violência doméstica e familiar. As atividades integraram ações alusivas ao Agosto Lilás, campanha nacional que faz referência ao aniversário da Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Em 2024, a lei completou 18 anos.
Mais de 500 pessoas visitaram a casa-exposição que foi montada nos municípios de Santa Maria de Jetibá e Vitória entre os dias 21 a 30 de agosto; e mais de 70 pessoas dos equipamentos públicos participaram das Oficinas de Formação nos dois municípios, nos dias 20 e 28, conduzidas pela assessora de justiça de Gênero, Renate Gierus e pelo assessor de Diaconia e Direitos Humanos, Rogério Oliveira de Aguiar, da Fundação Luterana de Diaconia (FLD).
A Nem Tão Doce Lar é uma iniciativa da FLD e em Santa Maria de Jetibá contou com a parceria do Núcleo Margaridas e o apoio da Coordenadoria de Políticas da Mulher, Prefeitura Municipal, Governo do Estado do Espírito Santo e do Sínodo Espírito Santo a Belém da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB); e em Vitória ocorreu em parceria com o Associação Albergue Martim Lutero (AAML) e a Comunidade Católica São Vicente de Paulo em Tabuazeiro.
A casa-exposição itinerante e interativa leva ao espaço público a representação de uma casa familiar com pistas que denunciam a violência sofrida por mulheres, crianças, jovens, pessoas idosas, com deficiência e LGBTQIAPN+. Ao circular pelos diferentes cômodos, é possível identificar pistas que denunciam as violências e ler diversas tarjetas com informações a respeito dos tipos de violência que podem acontecer no ambiente e convívio doméstico e familiar e como denunciá-las.
Agosto Lilás e o fim da violência contra as mulheres
Em Santa Maria de Jetibá, a jornada Nem Tão Doce Lar contou com o apoio e participação da Pa Carmem Michel, da Coordenação de Gênero, Gerações e Etnias da Secretaria da Ação Comunitária da IECLB. No dia 24, ela conduziu a roda de conversa e apresentação do caderno Missão com Mulheres – Criando e multiplicando grupos de apoio para mulheres em situação de violência, na Paróquia Luterana de Alto Rio Possmoser.
“A violência doméstica não é apenas um assunto de polícia, é também um assunto de fé. Por isso, além de denunciar esse tipo de violência como crime, a IECLB a reconhece como pecado. Pois, ela fere a dignidade da pessoa agredida e da agressora, afrontando o projeto de vida abundante ofertado por Deus”, explicou a Pa Carmen. “É papel da Igreja romper com o silêncio que sustenta essa violência. É um compromisso evangélico falar sobre o assunto e se movimentar para transformar essa realidade. No caminho de sensibilização e superação da violência doméstica, fortalecer parcerias e apoiar ações transformadoras como a jornada Nem Tão Doce Lar é necessário e importante”.
A Nem Tão Doce Lar participou também, no dia 27, do diálogo “Superação da violência doméstica e de gênero!”, promovida pelo Centro Margaridas, no Centro Cultural Frei Civitella Del Tronto, na cidade de Cariacica, onde foi possível conversar com 75 estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) João Crisóstomo Belesa sobre masculinidades transformadoras e prevenção à violência. E realizou um Cine Debate com a temática do Agosto Lilás, no mesmo dia, para o público do Albergue Martim Lutero, em Vitória.
Cristiane Sily, supervisora dos Núcleos e Centro Margaridas da Macro Metropolitana, ressalta a importância do debate sobre o fim da violência. “Quando a gente fala sobre o assunto de violência doméstica, a sociedade ainda é muito fechada para esse tipo de temática. É de extrema importância quando a gente consegue envolver os profissionais de uma forma lúdica, de uma forma que a gente coloque o tema enfatizando a importância e a relevância, de uma forma muito leve, mas também impactante. Para também que essas pessoas que estão indo para os seus municípios tratem novamente da temática, multiplicando o que aprenderam. Porque o enfrentamento e a superação da violência têm que ser discutidos em diversos espaços”.
Atuação conjunta
A atuação conjunta para o desenvolvimento das ações da Nem Tão Doce Lar nos territórios permite maior articulação e o fortalecimento da rede de apoio de cada município. Isso colabora para o enfrentamento e superação da violência doméstica e familiar, conforme relata Tatiane Berger Grünewald, coordenadora do Núcleo Margaridas em Santa Maria de Jetibá. “É preciso unir forças, desde serviços públicos, privados, organizações da sociedade civil, Igrejas, ou seja, a sociedade como um todo, e se unir para o fim dessa violência que afeta não só a mulher, mas toda família. E compreender que a violência sofrida pela mulher é um problema social e público, onde precisamos estar juntos dessas mulheres, a fim de romper com a situação de violência que estão sofrendo, bem como o resgate e fortalecimento de sua cidadania”.
Romper com o ciclo da violência, portanto, necessidade da participação mais efetiva dos homens, como ressalta o P Alexander Busch, que também esteve envolvido na jornada Nem Tão Doce Lar em Santa Maria de Jetibá. “As pessoas vivem em relação umas às outras. Isto vale na sociedade em geral, na comunidade cristã e nas famílias. Portanto, falar e refletir sobre o tema e promover ações para superar a violência doméstica exige a presença dos homens. Importante também frisar que nos referimos aos homens num sentido coletivo, porque a violência está além do indivíduo”.
Os Núcleos e Centro Margaridas se envolveram para a realização e participação nas Oficinas de Formação e acolhimento na casa-exposição, contemplando pessoas de municípios da Microrregião Central Serrana e Macrorregião Metropolitana. “Nestes dias de ação, foi possível conversar com o público sobre o trabalho desenvolvido. Falamos sobre as consequências na vida dessa mulher dentro do seu lar, e como tudo em sua volta reflete a violência sofrida, falamos das condições mais dignas e justas às mulheres, sobre a mulher possuir o direito de não sofrer agressões, ser respeitada em suas especificidades e ter garantia de acesso aos serviços da rede de enfrentamento à violência. Refletimos o quanto é necessária a discussão e a busca de estratégias para o alcance da igualdade de gênero”, explicou Ana Stella Silva Freitas, coordenadora do Centro Margaridas Macrorregião Metropolitana.
A parceria com o Albergue Martim Lutero está relacionada ao projeto “Por Todas as Belezas“, apoiado pelo Programa de Pequenos Projetos da FLD e que tem como objetivo colaborar para o empoderamento de mulheres vítimas de violência no território de Maruípe, bairro do município de Vitória. “Como instituição, não podemos permitir que o silêncio, a discriminação, a impunidade, a dependência das mulheres em relação aos homens e as justificações teóricas e psicológicas que agravam a violência contra as mulheres se perpetuem. Nesse sentido, mesmo não sendo esse o objeto social direto de ação da instituição, pensamos em um modo de contribuir, executando o projeto, compreendendo que a temática em pauta é transversal a todas as ações que são pensadas para uma coletividade”, afirma Angelita Minelio da Silva, assistente social do AAML.
Presença no Espírito Santo
A primeira vez que a Nem Tão Doce Lar realizou atividades no Espírito Santo foi em 2015. A iniciativa esteve em Vitória em uma parceria com a Faculdade Unida e a Comunidade Luterana de Vitória. A partir desta primeira exposição, foi criado o Grupo de Pesquisa Religião, Gênero, Violência e Direitos Humanos (REGEVI). No ano seguinte, esteve na cidade de Vila Pavão e, em 2019, no município de Serra.
Na próxima semana, entre os dias 11 e 13 de setembro, a iniciativa vai estar em Afonso Cláudio, encerrando as ações previstas para o ano de 2024 no Espírito Santo. As atividades irão fazer parte da campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio. Neste ano, a Nem Tão Doce Lar ainda estará presente nas cidades de São Luís (MA), Balsas (MA) e Santa Cruz do Sul (RS), em novembro.