POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
Entre os dias 3 e 7 de junho, a cidade de Marechal Cândido Rondon (PR) recebeu o primeiro encontro da equipe do projeto OPANÁ: Chão Indígena. O evento contou com a participação de mais de 20 assessorias técnicas em agroecologia, além de profissionais das áreas de comunicação, educação antirracista, assistência social e administração.
O projeto OPANÁ é uma iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), por meio do Programa CAPA em parceria com a Itaipu Binacional, e visa garantir a sustentabilidade ambiental e alimentar das comunidades indígenas do Oeste e do Litoral do estado. Ao todo, serão contempladas 32 comunidades, beneficiando mais de 900 famílias Avá Guarani e Guarani Mbya.
No encontro, além do planejamento e preparação para o início do projeto, as participantes e os participantes tiveram a oportunidade de se aprofundar em questões de grande relevância, como a educação antirracista, que é uma das linhas de atuação do OPANÁ. Juliana Soares, coordenadora do Programa de Educação Antirracista da FLD, liderou as atividades de debate sobre o tema. Para ela, “ fazer enfrentamento ao racismo através de ações formativas de educação antirracista e sensibilizar a sociedade a fazer uma reflexão sobre equidade social é de extrema importância”. Segundo Juliana, um projeto como o OPANÁ, que tem um olhar voltado às questões que afetam diretamente a vida e a dignidade das pessoas indígenas, não poderia ser realizado sem pensar a questão racial.
O encontro também contou com a participação de importantes lideranças Guarani da região, como Nazane Martins (Terra Roxa), Ilson Soares (Guaíra), Lino Cesar Cunumi Pereira (Santa Helena) e Natalino de Almeida Peres (Itaipulândia), que também fazem parte da equipe do projeto OPANÁ, e Celso Jopoty Alves (São Miguel do Iguaçu), coordenador estadual da Comissão Guarani Yvyrupá. Essas lideranças falaram sobre as realidades vividas pelas suas comunidades, ressaltando os principais desafios enfrentados, e compartilharam suas expectativas.
Nazane enfatizou que o mais importante para dar início ao projeto é ter “teko jojha”, que, em língua Guarani, significa união. Para ela, a união entre as comunidades, entre as lideranças e entre as equipes é essencial para o sucesso da iniciativa.
Celso também salientou a necessidade da união para fortalecer a luta dos povos indígenas e falou da urgência das demarcações territoriais. Segundo o cacique, é muito importante “ter projetos, trabalhar com as comunidades, trabalhar com os jovens e com os professores, mas, quando não se tem direito de território, é difícil”.
Natalino destacou a expectativa de resolver a insegurança alimentar nos territórios. Ele afirmou que, para que as pessoas indígenas possam seguir fortes em sua luta, é necessário ter força, e a força só pode existir se houver boa alimentação e boa saúde. Ilson, por sua vez, falou sobre a importância da renovação da esperança, pontuando que a chegada de uma nova equipe de trabalho traz essa renovação.
Lino, por fim, ressaltou a importância de se conseguir melhorias para cada uma das comunidades envolvidas e destacou a relação de longa data entre o povo Guarani do oeste paranaense e o Programa CAPA, considerando que a continuidade dessa parceria é muito positiva para todas e todos.
Ao final do primeiro encontro do OPANÁ, a equipe saiu com grandes expectativas para o início das atividades e consciente das responsabilidades que possui junto ao povo Guarani. O evento foi um momento de trocas e reflexões que permitiu o aprofundamento na realidade local e o fortalecimento do trabalho em equipe. Agora, o projeto segue com ações de imersão e diálogo junto às comunidades.
Sobre o projeto
O projeto OPANÁ pretende combater as vulnerabilidades que marcam a realidade indígena no estado, usando como estratégia central a construção de planos comunitários. Segundo Jhony Luchmann, coordenador geral do projeto, os planos comunitários serão pensados em uma perspectiva de colocar o protagonismo e a tomada de decisão nas mãos da própria comunidade, a partir de suas necessidades e demandas, garantindo assim o caráter participativo e coletivo do OPANÁ.
De acordo com ele, “pedagogicamente, a construção do plano comunitário será uma das primeiras atividades do projeto, pois é a partir dele que será feito todo o dimensionamento dos plantios, da dinâmica de organização e distribuição dos alimentos, e o planejamento das diversas outras ações que estão previstas para realização”, afirma.