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Mulheres kilombolas do bioma Pampa na lida por seus direitos

Mulheres kilombolas do bioma Pampa na lida por seus direitos
8 de março de 2025 Comunicação FLD
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD
Fotos:
Dezirre Brum de Moura e Daniela Santana Ferreira/FLD

Cerca de 250 mulheres kilombolas, de 25 comunidades espalhadas em nove municípios das regiões Central, Sul e Campanha do Rio Grande do Sul, vão participar do projeto Mulheres kilombolas na lida por direitos na Pampa.

O objetivo do projeto, iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) através do Programa de Educação Antirracista, em parceria com o Ministério das Mulheres, é proporcionar espaços de aprendizado e partilhas entre mulheres kilombolas do bioma Pampa sobre o seu direito a ocupar espaços de participação e representação política dentro e fora das comunidades.

A necessidade do projeto surgiu em razão da carência de espaços seguros e contínuos de formação sociopolítica para as mulheres kilombolas do Pampa, especialmente em seus territórios, dificultando a sua participação política e defesa de direitos dentro e fora das comunidades. Por isso, se viu a necessidade de discutir questões como o racismo histórico e estrutural, associado à misoginia, que vem mantendo a invisibilidade das comunidades kilombolas do Pampa, em especial das mulheres.

Além disso, precárias condições de acesso e as grandes distâncias destas comunidades em relação às sedes urbanas e políticas dos municípios e do estado do RS dificultam ainda mais a participação das mulheres kilombolas em espaços contínuos de formação e articulação e em espaços de incidência política, onde poderiam apresentar e reivindicar suas pautas. “Quando conseguem estar nestes espaços, entretanto, sua participação não é valorizada, são silenciadas, deslegitimadas, invisibilizadas ou impedidas de defender ou acessar seus direitos”, explica Juliana Soares, coordenadora do Programa de Educação Antirracista da FLD.

A impossibilidade das mulheres kilombolas do Pampa de exercer plenamente seus direitos políticos impacta em diversas esferas de suas vidas e na sociedade como um todo. “O projeto possibilita nos aproximarmos de mais mulheres kilombolas, nos conectarmos, fortalecermos umas às outras sabendo que não estamos sós, e busca, principalmente, por direitos e pelos espaços que as mulheres querem e têm o direito de ocupar”, explica Dezirre Brum de Moura, assessora do projeto.

Diante da identificação deste problema, o projeto é uma oportunidade de realizar formação política junto com as mulheres kilombolas diretamente em suas comunidades, para que tenham a oportunidade de participar, coletivamente e no seu território, de um processo de formação sociopolítica direcionado às suas especificidades. Em formato de roda de conversa, uma metodologia viva de ensino que promove a aprendizagem por meio de diálogo em um espaço informal e descontraído, as mulheres participantes podem ser protagonistas no processo de construção de conhecimento e partilhar suas vivências, opiniões e experiências sobre os assuntos abordados.

No decorrer das oficinas e dos encontros, as mulheres podem ampliar seus conhecimentos e articulações, apropriar-se de seus direitos sociais e políticos e, assim, mais preparadas e fortalecidas, ocupar espaços de decisão e de poder, enfrentando a violência política a que estão submetidas diariamente. “O projeto está sendo excelente. Através dele, sabemos mais sobre os nossos direitos. Era isso que nós estávamos precisando aqui na comunidade da Lata”, diz Fiame Ferraz Silveira, participante do projeto no município de Aceguá.

O projeto está dividido em três ciclos, com encontros e realização de 25 oficinas por ciclo, uma em cada comunidade participante. Os encontros do primeiro ciclo acontecem desde o último mês de dezembro. Além disso, estão previstos encontros dos outros dois ciclos ao longo deste ano e ainda dois encontros gerais de formação e articulação política, englobando todas as comunidades envolvidas.

“Durante esse primeiro ciclo, estiveram presentes nas rodas de conversas 133 mulheres. Pudemos conhecer as realidades das mulheres e comunidades, suas histórias de luta para manter as raízes kilombolas vivas. As rodas de conversa acontecem ao ar livre, nas sedes das comunidades ou nas casas das lideranças, lugar onde as mulheres se sentem mais à vontade para conversar e trocar conhecimento. Nas rodas, há espaço para relatarem suas histórias, dores e vitórias”, completa Daniela Santana Ferreira, assessora do projeto.

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Comunidade kilombola Manoel do Rego de Canguçu, encontro na sede da rádio do kilombo

Comunidades participantes

Serão acompanhadas neste projeto as comunidades Cruz Alta e Rincão dos Negros, de Rio Pardo; Alto do Caixão, de Pelotas; Armada, Bisa Vicente, Cerro da Boneca, Cerro da Vigília, Estância da Figueira, Favila, Faxinal, Filhos dos Kilombos, Iguatemi, Manoel do Rego, Passo do Lourenço, Potreiro Grande e Santa Clara, do município de Canguçu; Tamanduá e Vila da Lata, de Aceguá; Comunidade Palmas, de Bagé; Corredor dos Munhós, de Lavras do Sul; Ibicuí da Armada, de Santana do Livramento; Vacaquá, Rincão dos Negros e Rincão da Chirca, de Rosário do Sul; e Comunidade Cerro do Ouro, do município de São Gabriel.

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