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16+5 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres: não estamos sozinhas

16+5 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres: não estamos sozinhas
30 de novembro de 2018 zweiarts

Café com Direitos à Resistência: Campanha dos 16+5 Dias de Ativismo pelo fim da Violência contra a Mulher reuniu um grande número de pessoas na FLD

O Café com Direitos à Resistência, realizado no dia 28 de novembro, encerrou as atividades da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) relacionadas à Campanha dos 16+5 Dias de Ativismo pelo fim da Violência contra a Mulher. Participaram do café Bruna Schatschineider, integrante do Grupo Inclusivass, Júlio Sá, coordenador do Serviço de Atendimento a homens autores de violências, e Daiana Santos, ativista dos movimentos Negro e LGBTQ. No início do encontro houve o lançamento da publicação Teologia e sexualidade: saúde reprodutiva e direitos, da Faculdades EST, elaborado a partir de diálogos junto à FLD, Coletivo Feminino Plural e o Grupo de Mulheres Congregação Floresta da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).

A programação da FLD relacionada à campanha dos 16+5 teve início nos dias 12 a 14 de novembro, com o Seminário Enfrentando coletivamente as violências contra as mulheres, que aconteceu em João Pessoa (PB), promovido pelo Projeto LIS – Liberdade, Igualdade e Sororidade. Na ocasião, o assessor de projetos da FLD, Rogério Oliveira de Aguiar, realizou uma oficina de dois turnos sobre a metodologia da Nem Tão Doce Lar, participou da mesa de abertura do seminário e realizou uma roda de conversa com 36 estudantes do Instituto Federal da Paraíba. Todas as atividades do seminário, que contou com o apoio do Programa de Pequenos Projetos (PPP), foram preparatórias para os 16+5 de ativismo pelo fim da violência sexista.

No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a exposição foi montada em Horizontina, através da parceria entre a Comunidade Dr. Martinho Lutero / Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal. Houve uma intensa mobilização da rede local para participação na oficina de formação de acolhedoras e acolhedores, com representação de equipamentos de assistência ligados ao município, das igrejas, de organizações da sociedade civil, Brigada Militar e Polícia Civil.  No dia 21 houve a abertura oficial da exposição, com a participação de autoridades locais. A exposição esteve aberta ao público entre os dias 20 a 28 de novembro.

A Nem Tão Doce Lar também foi destaque nas atividades da Campanha 16+5 no município de São Leopoldo (RS), com uma oficina, no dia 23, de formação de acolhedoras e acolhedores. Participaram da iniciativa Promotoras Legais Populares (PLPs) e representantes de organizações governamentais e da sociedade civil, que atuam no campo da garantia de direitos.

Nos dias 26 e 27, a exposição foi montada no saguão da estação de São Leopoldo do Trensurb e aberta à visitação nos dias 26 e 27 de novembro. A atividade foi realizada pelo Conselho Municipal de Direitos da Mulher (Condim), em parceria com o Programa Gênero e Religião PGR/Faculdades EST, com o Circulo Operário Leopoldense (COL) e com a comissão interna do Trensurb do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça.

Campanha de ativismo

Os 16 dias de ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo, segundo a ONU Mulheres Brasil.

No Brasil, a campanha ocorre desde 2003 e é chamada 16+5 Dias de Ativismo, pois incorporou o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A mobilização termina em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Cerca de 150 países participam da campanha.

No Brasil, as datas que fazem parte da campanha são:

– 20 de novembro, Dia da Consciência Negra

– 25 de novembro – Dia Internacional de Luta pelo fim da Violência Contra a Mulher.

– 1º de dezembro – Dia Mundial de Luta contra a Aids

– 3 de dezembro – Dia internacional das pessoas com deficiência

– 6 de dezembro – Dia do Laço Branco, mobilização mundial de homens pelo fim da violência contra as mulheres.

– 10 de dezembro – Dia Internacional do Direitos Humanos

Depoimentos

O Seminário Enfrentando coletivamente Violências contra as Mulheres, que recebeu apoio do PPP da FLD, foi realizado nos dias 13 e 14 de novembro, pelo Projeto Liberdade Igualdade Sororidade (LIS), como preparação para a campanha dos 16 dias. A rede de proteção à mulher e diversos coletivos foram mobilizados para, em conjunto com o LIS, organizar espaços de discussão sobre violências e empoderamento, como oficina de defesa pessoal para mulheres, debates sobre feminicídio, violência doméstica e familiar, segurança nas redes e nas ruas. Pensamos, a partir de filmes dirigidos por mulheres paraibanas, sobre formas de violência que não são visíveis, como hematomas, mas podem ferir profundamente, como a violência psicológica, patrimonial, assédio e a criação machista que temos que desconstruir diariamente.

Nossa mensagem para as mulheres que estão em alguma situação de vulnerabilidade é “você não está sozinha”

Marina Blank, coordenadora do LIS

“Horizontina viveu uma semana com muito entusiasmo a exposição Nem tão Doce Lar. Tivemos a coragem de trabalhar estes temas tão relevantes na nossa sociedade, por que, apesar de sermos um município pequeno, já tivemos várias situações de violência, vários crimes cometidos de forma bárbara, e em pouco tempo. Junto com as entidades que trabalham direta ou indiretamente em relação às vítimas, concluímos que seria o momento de fazer a exposição, que foi organizada com muito carinho, com várias atividades, e teve uma boa participação

O que mais chamou atenção foi que muitas pessoas não conhecem as diversas formas de violência, acham que é apenas a violência física, ou psicológica, ou sexual, mas as demais formas de violência e que não atingem apenas as mulheres, mas atingem crianças, adolescentes mulheres, pessoas com deficiência, e também pessoas idosas. Horizontina viveu intensamente essa semana.”

Ana Denise Strapasson, Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal de Horizontina

“A Nem tão Doce Lar é um importante instrumento de enfrentamento à violência doméstica e familiar, permitindo as pessoas visitantes da casa ter acesso a uma série de informações sobre uma temática que muitas vezes não é conversada e muito menos denunciada. Penso que uma importante contribuição da exposição, além da conscientização e enfrentamento à violência doméstica, é a possibilidade de refletir e desnaturalizar diversas situações que vivenciamos cotidianamente sem perceber a violência contida nelas.

Graciela Cornaglia, consultora e promotora legal popular