Três gerações de benzedeiras, Hilca Dias de Lima (mãe), Sirlei de Lima Dutra (filha) e Juliana de Lima Vijande (neta) – Kilombo Rincão da Chirca, Rosário do Sul/RS
Hebreus 6.7: “Porque a terra, que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela e produz erva útil para aquelas pessoas que a cultivam, recebe bênção da parte de Deus.”
O alecrim, quebra tudo, mastruz, palma crespa, losna, cidreira e guaco são ervas que estão ao alcance das mãos no pátio da casa da benzedeira Hilca, sempre pronta para ajudar uma criança com sapinho, um animal com dor de barriga, uma pessoa com mordida de aranha ou com uma enxaqueca muito forte. Do Kilombo Rincão da Chirca, em Rosário do Sul/RS, ela segue os passos das mulheres de sua família e inspira as pessoas na comunidade e na região, como uma guardiã de saberes aprendidos e partilhados.
“O nosso conhecimento é passado de geração em geração. Eu comecei vendo a mãe benzer. Ainda pequena, ficava escutando tudo o que ela dizia para as pessoas que lhe procuravam em casa. A gente mora na campanha, longe do doutor, então tem que aprender”, conta Sirlei, filha de Hilca. “É uma forma de valorizar as nossas tradições e não deixar elas se perderem”, conta a sua neta, Juliana. Na Bíblia, benzer é trazer a bênção, é oferecer a bênção, em um ato de fé e de cura. A benzedura não substitui o tratamento oferecido por profissionais da saúde.
Para esse domingo, Dia das Mães, Hilca, Sirlei e Juliana estendem o amor que as une como uma benzedura-bênção a todas as expressões de maternidade existentes, resistentes e enlutadas. Que a bênção da Dona Hilca seja conforto e abraço para as mães de Jacarezinho, as mães dos meninos desaparecidos de Belford Roxo, as mães de Saudades em Santa Catarina, as mães que perderam filhas e filhos em decorrência da Covid-19.
No vídeo, vocês recebem das três gerações de benzedeiras um presente em forma de benzedura, cura e coragem. Um abençoado e afetuoso Dia das Mães!
Quer saber mais sobre as Benzedeiras do Bioma Pampa?
Conheça o livro Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa, que conta as histórias de modos de vida de 8 identidades socioculturais existentes no bioma Pampa, entre elas, a das benzedeiras e benzedores, reconhecidas pelo Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais. Nele se conta como é mantida a tradição do benzimento. O livro foi publicado em 2017, a partir de uma iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia em parceria com o Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa e com a Articulação Pacari.