Agroecologia traz benefícios alimentares, culturais e ambientais para comunidades indígenas
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO FLD
Fotos: Ana Paula Soukef e Fábio Conterno
As comunidades do povo Avá Guarani no Oeste do Paraná estão dando um passo importante na preservação de seus territórios com o plantio de mais de 3 mil mudas de árvores. A ação faz parte do projeto OPANÁ: Chão Indígena, uma iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em parceria com a Itaipu Binacional, que tem como foco o desenvolvimento dos Sistemas Indígenas de Produção Agroecológica (SIPAs). O objetivo da ação é garantir a sustentabilidade alimentar e a proteção ambiental.
As mudas distribuídas incluem árvores nativas frutíferas, como jabuticaba, araçá e pitanga, além de espécies nativas florestais, como cedro e ipê, e algumas exóticas, como o eucalipto e a goiaba. O plantio foi realizado em mutirões nas terras indígenas, contando com a participação ativa das próprias comunidades, que estão empenhadas em recuperar suas áreas e garantir um futuro mais sustentável.
Produção de alimentos e conservação ambiental
O plantio fornece alimentos frescos e variados às comunidades, melhorando a dieta familiar e contribuindo para a recuperação da vegetação nativa e a expansão das áreas verdes, transformando a paisagem local. A iniciativa também fortalece a proteção ambiental, estabelecendo barreiras naturais ao redor das terras indígenas, que atuam como escudos contra agrotóxicos usados nas fazendas vizinhas. Com isso, a vegetação ajuda a garantir um ambiente mais seguro e saudável para as próximas gerações.
Tradicionalmente, o povo Guarani cultiva alimentos próximos às casas, prática que está sendo intensificada pela criação de quintais produtivos. Esses espaços estão estruturados de maneira integrada, combinando árvores frutíferas e espécies florestais ao modelo agroecológico da comunidade, fortalecendo a segurança alimentar e a sustentabilidade local.
Nas ações do projeto também está prevista a introdução de abelhas sem ferrão, espécies nativas que, além de atuarem como polinizadoras essenciais para diversas plantas, são responsáveis pela produção de mel. Esse mel, valorizado por seu uso medicinal nas comunidades, reforça a conexão entre a preservação ambiental e os benefícios para a saúde e a cultura local.
Planejamento comunitário
Essa iniciativa foi concebida a partir das necessidades e anseios das comunidades Guarani, identificadas ao longo do processo de elaboração dos Planos Comunitários. Esse processo participativo destaca a importância da autonomia local, permitindo que cada comunidade defina suas prioridades e expectativas. O plantio das mudas é uma resposta significativa a essas demandas, simbolizando o início das atividades planejadas que incluem não apenas a preparação do solo, mas também a implementação de práticas que promovem a recuperação das áreas e o fortalecimento da identidade cultural.
O projeto OPANÁ: Chão Indígena prioriza a promoção da segurança alimentar por meio da agroecologia e pretende fortalecer a identidade cultural indígena como pilares essenciais para o futuro das comunidades. Além disso, o projeto destaca a relevância da educação antirracista, buscando sensibilizar a sociedade não indígena sobre a importância da diversidade cultural e da justiça social, criando um diálogo enriquecedor entre diferentes culturas e promovendo um entendimento mais profundo das questões enfrentadas pelos povos indígenas.