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Nem Tão Doce Lar promove exposições em municípios do Rio Grande do Sul para conscientização durante o Maio Laranja

Nem Tão Doce Lar promove exposições em municípios do Rio Grande do Sul para conscientização durante o Maio Laranja
2 de junho de 2025 Comunicação FLD
POR EQUIPE NEM TÃO DOCE LAR E ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD

A casa-exposição Nem Tão Doce Lar esteve nos municípios de Portão e Agudo (RS), nos dias 20 a 23 e 27 a 29 de maio, respectivamente, sensibilizando a comunidade para o tema do enfrentamento à violência, com foco na prevenção ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, em alusão à campanha nacional Maio Laranja. A metodologia participativa permitiu a realização de rodas de diálogo com adolescentes e jovens e ações formativas voltadas às equipes que integram as redes de proteção municipais.

“Iniciativas como a Nem Tão Doce Lar são fundamentais para fomentar o debate público e qualificado sobre a superação da violência, especialmente contra os grupos historicamente mais vulneráveis. Ao proporcionar espaços de formação, sensibilização e articulação, a Nem Tão Doce Lar contribui para romper silêncios, fortalecer vínculos institucionais e comunitários, e promover uma cultura de cuidado, acolhimento e proteção. Além disso, incentiva o trabalho em rede, o que é essencial para respostas mais efetivas, humanizadas e integradas”, afirmou Val Purper Lamb, diretora da Casa Abrigo Pequeno Cidadão, unidade da Associação Beneficente Floresta Imperial (Abefi) na cidade de Portão. 

Raquel de Melo Ferreira, secretária de Desenvolvimento Social e Habitação do município de Agudo, lembrou que a temática da violência precisa ser sempre discutida. “Acreditamos que tem que se trabalhar desde pequeno sobre o assunto da violência. Não podemos tratar como um tema ‘pecaminoso’ porque ele é real e, infelizmente, está na casa de muitos de nossos alunos e dos nossos idosos”.

Com a realização das atividades em Portão e Agudo, a FLD, através da Nem Tão Doce Lar, reafirma seu compromisso com a proteção da infância e da adolescência, contribuindo para o fortalecimento da rede de enfrentamento à violência sexual infantil e para a construção de uma cultura de cuidado e responsabilidade coletiva. 

Mais de 400 pessoas visitam a casa-exposição

As exposições, de caráter interativo e pedagógico, foram instaladas em espaços acessíveis e estratégicos e receberam a visita de mais de 400 pessoas nos dois municípios, a maioria composta por estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Através da reprodução de ambientes que simulam cômodos de uma casa, a exposição convida o público a refletir sobre como a violência pode estar presente mesmo em espaços que, em teoria, deveriam ser seguros.

“A presença da Nem Tão Doce Lar em Agudo foi uma experiência marcante, pois propiciou momentos de vivência com pessoas das mais diferentes faixas etárias, despertando nas mesmas a inquietude necessária para a abordagem deste tema, violência, presenciado em todos os lares diariamente, principalmente nos noticiários e, por vezes, com os próprios familiares. A estrutura da ‘casa’ torna a experiência muito real”, afirmou Janete Lair Hermes Boeck, professora e presidenta da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Agudo. 

Além da experiência sensorial proporcionada pelas exposições, a ação inclui rodas de conversa, distribuição de materiais informativos e orientação direta ao público. Profissionais especializadas e especializados estiveram presentes para dialogar com as pessoas visitantes e reforçar os canais de denúncia e acolhimento.

Oficinas de Formação

Antes da abertura da exposição ao público geral, em ambos municípios foi realizada a Oficina de Formação voltada às equipes de equipamentos públicos que integram as redes municipais de proteção à criança e ao adolescente. A atividade teve como objetivo promover reflexões mais amplas em relação ao tema, trazendo para o debate a violência doméstica e familiar como pano de fundo para muitas violações de direitos de crianças e adolescentes, mas também de pessoas idosas, mulheres e pessoas com deficiência. 

“Esse tipo de formação é essencial para fortalecer a rede de proteção, pois contribui para alinhar práticas e fomentar a corresponsabilidade entre os diversos atores envolvidos”, disse Val. Para ela, a oficina propiciou “um importante momento de capacitação, com foco na escuta qualificada, no acolhimento humanizado e na construção de fluxos integrados de atendimento”.

Janete lembrou alguns pontos trazidos pela formação, ao dizer que ela “contribui no fortalecimento da rede de proteção pois, além de retomar todos os tipos de violência, a diferenciação entre as mesmas e a sua forma de identificação, propicia a interação entre os figurantes da rede, esclarecendo o papel fundamental que cada um desempenha na atuação efetiva da rede de proteção”.

Em Portão, a oficina contou com a presença de 48 pessoas e, em Agudo, 43 pessoas, entre profissionais da assistência, segurança pública, educação e lideranças comunitárias. Na oficina em Portão, houve participação da equipe do Programa de Apoio a Meninos e Meninas – Centro de Defesa Bertholdo Weber (PROAME CEDECA), de São Leopoldo (RS), para partilha de experiências e enfoque no envolvimento das organizações da sociedade civil na rede de proteção. 

Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

A campanhaMaio Laranja tem como objetivo dar visibilidade à luta contra a violência sexual que atinge crianças e adolescentes, mobilizando a sociedade para o enfrentamento, a denúncia e a proteção dos direitos da infância e adolescência, sendo 18 de maio o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2015 a 2021, foram notificados 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, sendo 83.571 contra crianças e 119.377 contra adolescentes. Em 2021, o número de notificações foi o maior registrado ao longo do período analisado, com 35.196 casos.

Ainda segundo o material, a residência das vítimas é o local de ocorrência de 70,9% dos casos de violência sexual contra crianças de 0 a 9 anos de idade e de 63,4% dos casos contra adolescentes de 10 a 19 anos. Familiares e pessoas conhecidas são responsáveis por 68% das agressões contra crianças e 58,4% contra adolescentes nessas faixas etárias.

A maioria das pessoas agressoras são do sexo masculino, responsáveis por mais de 81% dos casos contra crianças de 0 a 9 anos e 86% dos casos contra adolescentes de 10 a 19 anos. As vítimas são predominantemente do sexo feminino: 76,9% das notificações de crianças e 92,7% das notificações de adolescentes nessas faixas etárias ocorreram entre meninas. No entanto, segundo o boletim, pode existir um sub-registro dos casos entre meninos, devido a fatores como estereótipo de gênero ou a crença de que os meninos não vivenciam a violência.

Atividades da Nem Tão Doce Lar em 2025

A Nem Tão Doce Lar é uma iniciativa da FLD e em Portão ocorreu em parceria com a Abefi, através da Casa Abrigo Pequeno Cidadão, Prefeitura de Portão, Secretaria Municipal de Educação, Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Conselho Tutelar e APAE. Já em Agudo, foi realizada em parceria com a Comunidades Evangélica de Confissão Luterana em Agudo, Prefeitura de Agudo, Conselho Municipal de Direitos da Mulher, CREAS de Agudo, CREAS de Faxinal do Soturno e Emater/RS-Ascar.

Em 2025, a Nem Tão Doce Lar ainda irá percorrer as cidades de Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pelotas (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Colatina e Linhares (ES).