“Vim ver na prática algumas possibilidades para a nossa região”, disse a agricultora Ana Maria Leite, do Assentamento Santa Maria, localizado em Manoel Viana (RS), um dos municípios atendidos pelo Projeto Pampa, da FLD. A fala refere-se a 2ª reunião do Grupo Consultivo do Projeto Pampa, realizada no dia 24 de julho em Porto Alegre (RS), na Pousada Haras Cambará, que integra o roteiro turístico Caminhos Rurais do município. O empreendimento tem como base a preservação ambiental e de sustentabilidade e utiliza técnicas como telhados vivos, sistema de saneamento com tratamento biológico de efluentes e cisterna para captação de água da chuva, além de gerenciamento de resíduos sólidos e orgânicos.
“Nunca tinha visto que existem alternativas e que se pode fazer diferente”, afirmou Marilei Maria de Ávila, do assentamento Novo Alegrete, Alegrete (RS). “As conversas e o conhecimento estão sendo extremamente produtivos.”
O encontro, que reuniu representantes de grupos da agricultura familiar, artesanato, apicultura, pesca e de comunidades quilombolas, provenientes dos municípios de Alegrete, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Francisco de Assis e Uruguaiana, contemplou a apresentação do diagnóstico desenvolvido através do Projeto Pampa. Além disso, trouxe para discussão noções para o desenvolvimento de ações a partir das constatações do diagnóstico, como identidade, patrimônio cultural e bioregião, e o planejamento das próximas atividades.
O termo “Bioregião” significa um espaço geográfico que é definido principalmente por suas características culturais e naturais, mais do que por seus limites políticos, proporcionando o sentimento de identidade e de pertencimento das comunidades humanas à região, no sentido do maior conhecimento e valorização dos potenciais locais e do interesse em adotar modos de vida e práticas que contribuam para a sustentabilidade ambiental e cultural, em uma visão de gestão ambiental integrada, formando redes de ações a nível local e regional.
Além de conhecerem as atividades da pousada Cambará, as pessoas participantes puderam degustar alimentos feitos com Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), preparados pelo Sítio Capororoca, propriedade que também integra os Caminhos Rurais de Porto Alegre. As plantas alimentícias não convencionais se constituem de vegetais que crescem espontaneamente, como a urtiga, que têm grande valor nutricional, mas que não costumam ser utilizados na alimentação.
Diferencial do Projeto Pampa
“A oportunidade de visitarmos e conhecermos outros modelos de produção e de geração de recursos é um dos grandes diferenciais do Projeto Pampa”, avaliou Ana Maria Leite. “É quase como São Tomé, as pessoas precisam ver para crer. A partir disso, podemos olhar para as potencialidades da nossa região e sobre como podemos trabalhar e desenvolver.”
Para ela, outro diferencial do projeto está na reunião de diferentes segmentos, que sentam juntos e discutem suas dificuldades e possibilidades. “Antes nunca havia conversado com pessoas das comunidades quilombolas da região do Pampa, por exemplo, como está acontecendo aqui”, disse. A construção dos processos está sendo feita com a ampla participação das pessoas interessadas. “E valorizar a participação das mulheres é algo que também merece destaque.”