As notícias sobre os impactos das inundações no interior do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que mobilizam trabalho e preocupação, continuam chegando. No RS, o Governo do Estado definiu uma série de medidas em favor das pessoas e municípios que estão sofrendo com as fortes chuvas; entre elas a antecipação do pagamento do bolsa família e do benefício de prestação continuada, redução da tarifa de água em 65%, recuperação de poços e microcrédito para micros e pequenos empreendimentos, além do investimento na recuperação das estruturas rodoviárias.
“A situação é dramática. A nossa cidade (Erval Seco/RS) não sofreu muito, mas Irai, que fica perto, foi quase destruída”, disse a representante do Sínodo Uruguai (da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) no Conselho da FLD, Cleci Terezinha Koch, que coordena o trabalho sinodal de Formação e Diaconia. “Estamos nos mobilizando para atender as pessoas afetadas, tentando trabalhar com entidades como a Defesa Civil local”, disse.
Para Cleci, a ajuda material é importante. “Mas sabemos que isso não é tudo. As pessoas precisam se fortalecer novamente, retomar a esperança, frente a uma tragédia dessa”, afirmou, lembrando que muitas famílias perderam absolutamente tudo e, junto com o sofrimento, têm que pensar no futuro. “O enfoque da ajuda deve ser Diaconia e o apoio ao emocional das pessoas.”
Do ponto de vista do Apoio Psicossocial de Base Comunitária em Emergências, abordagem que a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) utiliza para sua atuação, podem ser organizados grupos para conversação, criados comitês locais para organizar a ajuda, organizar mutirões de limpeza, visitar pessoas em abrigos, entre outros.
O fundamento de todo o trabalho de Apoio Psicossocial de Base Comunitária é o reconhecimento da capacidade de recuperação, resiliência e reconstrução da comunidade afetada. Nessa perspectiva, se promove a Diaconia Transformadora.
Algumas orientações importantes para quem vai estar atuando diretamente com pessoas afetadas:
- Prepare-se: informe-se sobre o que aconteceu, sobre os serviços e apoios disponíveis no contexto e sobre os riscos em termos de mobilidade e segurança.
- Encontre um lugar tranquilo para conversar com as pessoas, para assim diminuir as distrações externas.
- Respeite a privacidade e mantenha a confidencialidade, salvo razões de força maior. Estas podem incluir violência ou assédio sexual, desvio de recursos, entre outras.
- Mantenha-se calma/o.
- Compartilhe informações de forma simples.
- Demonstre que você compreende como a pessoa se sente e que lamentas suas perdas e o que aconteceu.
- Reconheça as fortalezas da pessoa e da comunidade e a forma como estão dando conta da situação.
- Deixe espaço também para o silêncio.
- Não pressione para a pessoa contar sua história.
- Não toque a pessoa, a menos que tenha certeza de que é apropriado.
- Não minimize o sentimento das pessoas. Não diga coisas como: não você não deveria sentir assim; deveria ser grata por teres sobrevivido.
- Não conte a história de outra pessoa nem fale de outras pessoas em termos negativos.
- Não fale de seus próprios problemas.
- Não faça falsas promessas nem dê falsos argumentos tranquilizadores.
- Não pense nem atue como se tivesse que resolver todos os problemas da pessoa em seu lugar.
- Procure observar a situação, escutar as pessoas e estabelecer conexões.
Em termos materiais, há necessidade de colchões, roupas de cama, calçados, roupas de inverno, móveis e utensílios domésticos – as doações devem ser entregues nos postos da Defesa Civil e da Campanha do Agasalho em todo o estado. As pessoas interessadas em contribuir financeiramente, podem depositar sua oferta na conta Fundo de Emergências da FLD:
Fundação Luterana de Diaconia
Banco do Brasil
Conta corrente – 14115-1
Agência 0010-8
CNPJ – 04358174/0001-81
Legenda: Em Iraí (RS), assim como em muitas outras cidades – também no estado vizinho de Santa Catarina, rios atingem níveis históricos.
Foto: Fernando Sucolotti /Prefeitura Municipal de Iraí