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Copa do Mundo, (in)segurança pública e violência urbana são temas de oficina

Copa do Mundo, (in)segurança pública e violência urbana são temas de oficina
30 de outubro de 2013 zweiarts

A agência alemã Pão para o Mundo (PPM) promoveu, com organizações parceiras, uma oficina temática e estratégica para pensar e articular ações de incidência frente aos impactos da violência nas juventudes e mulheres, assim como também em relação aos megaeventos e megaprojetos – a Copa e os Jogos Olímpicos, entre outros – e seus efeitos sobre as cidades. A oficina foi realizada no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 28 a 30 de outubro, organizada pelo Elo – Ligação e Organização. PPM tem focado o tema da violência desde seu planejamento 2010-2014 e deve aprofundá-lo, como uma nova área de apoio e de fomento. 

Além da FLD, participaram representantes do Ibase, Iser, Terra de Direitos, Fundo Brasileiro de Direitos Humanos, Cese, Unipop, Koinonia, Diaconia, Reju, Gapa, Fase, Inesc, SOS Corpo, Cendec, Cria, SDDH Ceca, SER e Pacs.

A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Regina Novaes, falou sobre as juventudes como espelhos da sociedade, revelando e indicando as diversidades e os conflitos sociais. No entanto, de acordo com ela, é preciso parar de idealizar o passado e de generalizar o presente: o conceito geracional diz respeito a um tempo histórico marcado por um contexto, e o que acontece com a sociedade, acontece com a juventude.

Há medos que pautam as juventudes contemporâneas na sociedade brasileira: medo de morrer de forma prematura e violenta (drogas, armas de fogo e letalidade policial – “ser jovem é ser suspeito”); medo de sobrar (medo gigantesco de não encontrar um lugar no futuro); e o medo de se sentir desconectado no mundo conectado – acesso à tecnologia é uma marca da atual juventude e o medo de se sentir desconectado é algo novo. “É uma geração que vive novos preconceitos, o preconceito de local de moradia, de endereço, o que mostra o quanto é forte a criminalização de territórios”, afirmou Novaes.

Para se trabalhar com juventudes, é preciso entender que esta é uma categoria que nasce na construção de políticas públicas e necessita de diálogos intrageracionais, de escutas mútuas. Também é preciso pensar em trajetórias juvenis na articulação entre diversidade e direitos.

Visitas

No segundo dia, as e os participantes visitaram o entorno do Maracanã e o Complexo da Maré, problematizando impactos e experiências na relação com os megaeventos e megaprojetos e segurança pública.

Legado da Copa do Mundo

O Complexo do Maracanã marca de forma visível e truculenta a pauta dos megaempreendimentos, que tratam a cidade como mercadoria e espaço de consumo. No seu entorno, foram desalojadas 19 mil famílias. O formato popular foi totalmente modificado; por exemplo, o espaço da geral, que antes comportava 180 mil lugares, hoje acolhe somente 70 mil. Atletas que se preparavam para olimpíadas, diversos campeonatos e atletas de projetos sociais também foram desalojados.

O endividamento promovido pela Copa ao orçamento da cidade do RJ é de R$ 75 bilhões. Enormes estádios foram construídos e não serão utilizados em sua total capacidade. As mobilizações do Comitê Popular da Copa no RJ resultaram em pequenas vitórias, como o impedimento da construção de um shopping na pista histórica de atletismo, a permanência de uma escola pública e a não demolição do Museu do Índio – a Aldeia Maracanã –, hoje um espaço político de resistência, em que lideranças indígenas, grupos anarquistas e Black blocs ocupam o espaço para articulações e mobilizações.

“O endividamento e a perda democrática são os principais legados que a Copa vai deixar ao povo brasileiro”, afirmaram os integrantes do comitê popular.

Letalidade das e dos jovens

O Complexo da Maré é uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro. A visita foi feita ao Observatório de Favelas, Conexão G e Redes. A letalidade de jovens é um dos programas do observatório, em articulação com gestores e gestoras públicas no desenvolvimento de uma metodologia de redução da letalidade de jovens.  A reflexão política sobre as violações de gênero e juventudes é uma prioridade que necessita sair da invisibilidade.

“É fundamental dar visibilidade a pequenas vitórias populares, aprofundar o debate político nos espaços de atuação”, afirmou a secretária executiva da FLD, Cibele Kuss, que participou do evento. “É preciso retomar o trabalho com as bases e promover articulações entre as nossas organizações em cooperação com PPM, como estratégias de incidência para o futuro.”

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