Prefeito José Fortunati justificou a derrubada, iniciada no dia 6, devido desuso pelos habitantes
A realização da Copa em 2014 tem motivado a crescente autorização da Prefeitura de Porto Alegre (RS) para a execução de centenas de cortes de árvores de uma vez. Para a construção de um túnel na rua Anita Garibaldi, por exemplo, a derrubada prevista é de 240 árvores com a justificativa de que é preciso permitir a circulação de mais de 70 mil veículos, diariamente, pela 3ª Perimetral. Na quarta-feira, dia 6 de fevereiro, o prefeito José Fortunati justificou o corte de árvores em frente ao Gasômetro, na Avenida Presidente João Goulart, pelo desuso. Conforme notícia do jornal Correio do Povo, Fortunati afirmou: “as pessoas não utilizam estas árvores no Gasômetro” e, ainda, “Precisamos entender que existe um gargalo no trânsito e o monóxido de carbono liberado no ar diariamente é muito grande”.
Os cortes iniciados ontem devem fazer tombar 115 árvores para viabilizar a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Avenida Beira Rio. Os moradores desavisados, ao presenciar os tombamentos no horário do almoço, iniciaram uma mobilização que foi parar nas redes sociais. Jovens subiram em algumas árvores repetindo o ato heroico de Carlos Dayrell e mais dois amigos que, há 38 anos, em plena ditadura militar, subiram nas Tipuanas da Avenida João Pessoa. O viaduto foi construído e os cortes foram evitados. A indignação se espalhou pelas redes e o convite à manifestação que acontece hoje, sete de fevereiro às 18h, entre a Usina do Gasômetro e o Aeromóvel para celebrar a vida e defender as árvores. Vereadores também estão mobilizados e conseguiram suspender esses cortes, ao menos até a realização de uma Audiência Pública, no dia 14 de fevereiro às 9h30min na Câmara de Porto Alegre.
Neste verão, o calor invade as cidades e a sombra proporcionada pela copa das árvores acolhe os habitantes. Além do conforto térmico, já que os lugares arborizados exigem menor gasto com refrigeração, toda a vegetação, conforme as suas características, florestas, campos, parques, e as árvores avulsas nas cidades, armazenam o dióxido de carbono presente na atmosfera. E o corte ou a queima libera este gás que é poluente e que gera riscos à saúde. Referente ao bem-estar socioambiental, vale destacar os benefícios quanto à diminuição dos ruídos, como o de veículos motorizados, à diversificação da paisagem cinza dos prédios, ao auxílio na recuperação de doentes e ao atendimento das necessidades de convívio e recreação.
Texto: Eliege Fante, jornalista, assistente de projetos da FLD. Foto: Divulgação.