Durante a cobertura do Seminário de Justiça Socioambiental (20 a 22 de novembro, em São Leopoldo/RS) a equipe da Renajoc entrevistou Edson Noilli Potie e Joacir Noilli Potie, que são jovens Xokleng envolvidos em um projeto que está fazendo a diferença na aldeia. Vamos conhecer um pouco desta historia?
Qual é o projeto que vocês estão realizando? Somos um grupo de 50 jovens e vivemos na Terra Indígena Ibirama, Vale do Itajaí (SC), e tivemos a ideia de oferecer a pessoas de fora a possibilidade de fazerem trilhas acompanhadas, com diversas atividades. Na última semana, recebemos um grupo de jovens da Alemanha, que fizeram as trilhas. Além de divulgar o nosso meio de vida para fora, queremos criar um vínculo com os próprios jovens Xokleng – muitos e muitas estão abandonando a Terra Indígena –, ao relembrar e reforçar nossa cultura e nossas raízes. Hoje temos o apoio do Conselho de Missão entre Indígenas (COMIN) e da Associação Kute Kaké para realizar o projeto.
Por que vocês criaram este projeto? Nós não tínhamos um local de lazer e uma atividade para unir os jovens. A trilha também é uma forma de divulgar a nossa cultura e de conhecer outras culturas e também uma maneira de cuidar do ambiente onde vivemos.
Como funciona a trilha? Para realização das trilhas, fizemos um curso de guia turístico para acompanharmos os visitantes. A trilha entra quase dois quilômetros na Mata Atlântica, até a nascente do Rio Benedito. No final, o grupo é levado para conhecer a Cabana Xokleng, onde realizamos uma confraternização com cantos e histórias, e oferecemos uma comida típica da nossa tribo.
O que vocês esperam deste projeto? Hoje nós não cobramos para realizar as trilhas, elas servem como lazer. Mas, futuramente, esperamos que seja uma fonte de renda. A maioria dos indígenas vive da caça e da pesca e hoje estamos ficando sem a floresta. Precisamos achar outras formas de vida, mas também queremos preservar nosso espaço e ensinar isso para as pessoas que fazem a trilha.
Vocês realizam outros projetos? Temos um projeto de recuperação de árvores nativas, outro de produção de mudas e um de replantio de árvores nativas em áreas devastadas próximas à nossa terra.
Quais são os maiores aprendizados de vocês? Além de estarmos resgatando o sentimento de cuidado da Natureza – e sabemos que dela dependem todos os seres vivos, os que vivem na floresta e os que vivem nas cidades – entendemos melhor a importância dos jovens para os Xokleng. Afinal, nós é que damos continuidade na história da nossa origem.
Douglas Moreira e Joaquim Oliveira Moura (RS), Danuse Queiroz (DF) e Reynaldo de Azevedo (MG), da RENAJOC e da Agência Jovem de Notícias.
Fotos: COMIN