De acordo com o Ministério da Saúde, o Ceará registrou 14.732 casos de AIDS entre 1983 e 2014. Nos últimos anos, a região do Cariri enfrenta altos índices de casos de HIV. Segundo a coordenadora do programa DSTs/AIDS e enfermeira do Centro de Infectologia de Juazeiro do Norte, Arlene Bezerra, a cada semana são registrados cinco novos casos na região. Há mais de 10 anos participando do programa, a enfermeira diz que, no começo, eram contados apenas dois casos mensalmente. “É uma epidemia que continua crescendo”, explica ela sobre a realidade do ambulatório.
O teste hoje pode ser feito nas unidades de PSF (postos de saúde) de Juazeiro do Norte e nos Centros de Infectologia – Serviço de Atendimento Especializado na região, presentes também nos municípios de Crato e Brejo Santo. Desde 2008 atuando na região, os centros são uma referência para 53 municípios. Para o coordenador do Centro de Juazeiro do Norte, Ronildo Oliveira, ter um lugar para tratar a doença é uma segurança para o paciente. Ele conta que, ainda pelo preconceito, pessoas de Crato vêm se tratar no Juazeiro. Ronildo também é coordenador da Pastoral da Aids, que atua junto à Associação Caririense de Luta contra a Aids, entidade que recebeu apoio do Programa de Pequenos Projetos da FLD
“Quando uma pessoa descobre que tem HIV, ela já deve começar a tomar os devidos remédios. Passa pela equipe e pelo acompanhamento psicológico e a cada três meses realiza o exame de CD4 e Carga Viral, que é um exame que vai monitorar o vírus”, explica o coordenador sobre a importância de manter os exames em dia. Dividido em uma equipe de farmacêuticos, enfermeiros, assistente sociais e psicólogos, o centro conta com mais de 800 pacientes em tratamento. Nos casos mais vulneráveis, são distribuídas cestas básicas para auxílio dos pacientes.
O exame pode ser realizado por quem fez sexo sem proteção (oral, vaginal ou anal), até um mês depois da relação. É um teste feito a partir de uma gota de sangue colocada em um dispositivo próprio, junto a uma solução chama tampão, em seguida há a reação e o resultado. Diante de uma confirmação, o teste diagnóstico, é realizado novamente e em laboratórios diferentes. No último dia 20, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda do teste de HIV em farmácias. O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento.
O perfil do público não é mais apenas direcionado a um grupo de risco. Ainda que haja populações mais vulneráveis, como usuários de drogas, pessoas em situação de rua e profissionais do sexo, Arlene diz que a doença transita entre jovens, adultos e idosos de diversos perfis socioeconômicos. “Qualquer um que se expuser a uma relação sexual desprotegida pode estar em uma zona de risco”, diz ela.
O tratamento cada vez mais tem revolucionado a vida do paciente portador de HIV e AIDS. Hoje, o medicamento antirretroviral está cada vez mais evoluído, para que o paciente tenha uma boa adesão. Com ele, houve a redução da ingestão de comprimidos diários, o que de fato melhorou a qualidade de vida do soropositivo. A melhor forma de prevenção ainda é o uso de preservativos. Outra medida eficaz de prevenção da infecção ao HIV é a PEP – Profilaxia Pós-Exposição. O método consiste no uso de medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco em situações de exposições de vírus. A PEP deve ser iniciada até no máximo 72 horas após o contato com materiais infectantes, como sangue, sêmen, fluidos vaginais e entre outros. O tratamento dura 28 dias e é acompanhado pela equipe especializada.
1º de dezembro é o Dia Mundial de Combate à AIDS. Durante todo o mês, a estátua do Padre Cícero no Horto refletirá a luz vermelha, assim como foi no outubro rosa e novembro azul. “Isso é importante para se alertar sobre a doença”, Ronildo diz. O coordenador garante que a equipe da unidade do Juazeiro já está trabalhando na capacitação de enfermeiros nos PSFs da cidade para melhor realização do teste rápido e na promoção de ações sociais em praças.