Cerca de 40 pessoas estiveram presentes no Café com Direitos à Democratização da Comunicação, da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), para conversar sobre comunicação crítica e independente, liberdade de imprensa e o papel de diferentes mídias no atual contexto social e político do país. O café aconteceu no dia 26 de outubro, em Porto Alegre (RS), e teve a participação de Evelin Haslinger, pela Rede Nacional de Adolescente e Jovens Comunicadores (Renajoc), de Cristina Pozzobon, da Agência Livre para a Informação, Cidadania e Educação (Alice), e de Juremir Machado, escritor, jornalista e colunista do jornal Correio do Povo.
Evelin Haslinger, que também é diretora cultural da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Educomunicação (ABPEducom) e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação (ECA/USP), apresentou para discussão o vídeo Cordel do da Regulamentação da Comunicação, sobre liberdade de expressão e sobre o marco regulatório da comunicação no Brasil. Produzido para a campanha Para Expressar a Liberdade (www.paraexpressaraliberdade.org.br), traz diversas pessoas recitando o texto cordel da Peleja de Marco Regulatório e Conceição Pública na Terra sem Lei dos Coronéis Eletrônicos.
“Uma coisa que não consigo entender por que é pautado, nos meios de comunicação, um padrão. Eu gostaria de ver, por exemplo, uma pessoa nordestina apresentando o Jornal Nacional”, diz a cantora Leci Brandão no vídeo. “Quilombolas, indígenas, essas culturas fazem parte do Brasil. E se não são mostradas, estão falando de outro país, um país que não existe”, afirmou, também no vídeo, a atriz Silvinha Xukuru, do povo Xukuru (Pernambuco).
Sobre a Renajoc, Evelin contou que a organização foi criada em 2008, no I Encontro de Adolescentes e Jovens Comunicador@s promovido pela ONG Viração Educomunicação, antes da 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude. Seu objetivo é promover e participar de ações que buscam unir adolescentes e jovens do Brasil, para chamar a atenção para o Direito Humano à Comunicação. Foi por isso que a Renajoc criou o DIA C – Dia Nacional da Juventude Comunicativa, comemorado em 17 de outubro juntamente com o Dia da Democratização da Comunicação.
A artista plástica e designer gráfica Cristina Pozzobon falou sobre o Jornal Boca de Rua, da Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (Alice), de Porto Alegre (RS). O Boca, que completou 15 anos em 2015, é uma publicação feita por pessoas em situação de rua, desde a discussão sobre a pauta, os textos, fotos e ilustrações, que depois vendem os exemplares. O dinheiro arrecadado na comercialização do veículo reverte integralmente para os 30 participantes do grupo, constituindo uma fonte alternativa de renda.
“Inicialmente, a proposta era de ‘dar voz a quem não tinha’”, disse Cristina. “No entanto, nos demos conta que todas as pessoas têm voz, e que o que estávamos fazendo era criar um espaço onde divulgar as mensagens”.
Encartado no Boca de Rua está o Boquinha, elaborado por crianças e adolescentes em situação de risco, ligadas aos integrantes do Boca. Os materiais são resultado de brincadeiras e oficinas lúdicas, entre as quais oficinas de texto, artes plásticas e artesanato, e de passeios em espaços culturais e de lazer. O projeto conta com a colaboração de uma equipe multidisciplinar formada por jornalistas, educadores, psicólogos e profissionais de informática.
O escritor e jornalista Juremir Machado falou do ponto de vista da mídia tradicional, a partir do seu trabalho no jornal Correio do Povo e na Rádio Guaíba. Para ele, ainda existem situações de crítica – no espaço onde trabalha, o jornalista e escritor tem liberdade de escolher os assuntos sobre os quais falar -. Atualmente, no entanto, na maior parte do tempo, as matérias são “pura ideologia, puro jogo de interesses e puro jogo de cena”.