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“Com a Nem Tão Doce Lar, foi possível juntar a prática à teoria”

“Com a Nem Tão Doce Lar, foi possível juntar a prática à teoria”
24 de agosto de 2018 zweiarts

Entre os dias 13 e 14  de agosto aconteceu no Instituto Federal da Bahia (IFBA), na cidade de Eunápolis, a VII Jornada de Enfermagem com o tema: Comunicação interdisciplinar nas práticas em saúde, interfaces e desafios. O evento, organizado pelas e pelos estudantes e docentes do curso técnico em enfermagem, foi aberto ao público em geral e com entrada franca.

As discussões tiveram como pano de fundo a comunicação e suas diversas intersecções na propagação de uma cultura preventiva, humanizada, de cuidado e cooperação entre as diversas áreas do conhecimento com foco na saúde.  A abertura foi marcada pela explanação da liderança indígena Luzia Pataxó, que falou sobre as políticas de saúde e assistência para povos indígenas na região; pela enfermeira Conceição Badaró, em defesa ao Sistema Único de Saúde (SUS); e Lívia Dods, que abordou as questões de inclusão e acessibilidade.

Na manhã do segundo dia do evento, a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) participou da mesa temática: Comunicação interdisciplinar e violência de gênero, conduzida pela professora do IFBA, Cristiane Baltazhar. Como painelistas, o assessor de projetos FLD, Rogério Oliveira de Aguiar, e a professora de História e militante feminista, Flaviane Nascimento.

Ambos apresentaram conceituações e interfaces da reflexão de gênero na perspectiva macro social, política e religiosa, com foco nos efeitos diretos desse modelo social na área da saúde.  O modelo vigente de masculinidade nociva, ocasionado pelo machismo estrutural, foi duramente criticado e apresentado como um problema a ser enfrentado e superado em todas as áreas do conhecimento. Feminização da epidemia de Aids, feminicídios, machismo como entrave ao diagnóstico precoce, direitos sexuais e direitos reprodutivos, violência doméstica e familiar, entre outros assuntos, foram abordados nesse painel.

A Exposição Nem Tão Doce Lar também integrou as atividades propostas no evento. A abertura da exposição ao público aconteceu no encerramento da jornada na noite do dia 14 de agosto – ela ficou aberta até 24, sexta-feira. Foi oferecida pela FLD uma oficina de formação de acolhedoras e acolhedores, onde foram escaladas cinco estudantes do curso de enfermagem para atuarem na visita guiada. 

Teoria e prática

“Participar da formação promovida pela Nem Tão Doce Lar contra a Violência Doméstica foi bastante enriquecedor, contribuiu muito para minha atuação enquanto educadora e feminista. Os debates que ocorreram durante a formação me fizeram refletir sobre meu papel e demais mulheres na construção de uma sociedade mais igualitária, de direitos e oportunidades iguais. Acredito que isso só ocorreu devido à pluralidade de profissionais e entidades presentes no espaço. Tive a oportunidade de dialogar com psicólogas, assistentes sociais, professores, enfermeiros, estudantes. Foi realmente um espaço de aquisição de conhecimentos. Na exposição da casa Nem Tão Doce Lar pude perceber toda a discussão e a fala do palestrante na prática. A teoria aplicada na formação casou com harmonia nos itens expostos. Pude ver a teoria e a prática.”

Evelin Lourena Moura, jornalista e professora da Rede Pública Estadual. Integra o Flores de Dandara, coletivo feminista do município de Eunápolis, que tem como finalidade o empoderamento feminino por meios econômicos, políticos, sociais e culturais.”

Aprendizado único

“A Nem Tão Doce Lar me proporcionou um aprendizado único, por se tratar de um tema muito complexo que precisa ser falado mais na sociedade. A metodologia da exposição é maravilhosa, pois mostra um espaço que deveria ser cheio de afeto, amor, carinho e proteção, e por muitas vezes esconde a violência e o sofrimento. Essa exposição foi de suma importância na nossa instituição, pois buscou sensibilizar os visitantes e, ao mesmo tempo, deu oportunidades deles contribuir com suas experiências e reflexões.

Assim, podemos dizer que nosso objetivo foi alcançado, pois conseguimos mobilizar os visitantes e algumas autoridades locais. Contudo, somos cientes que temos muito desafios pela frente, pois é um assunto que precisa continuar sendo abordado por todas e todos nós”.

Andréa de Sousa Paiva Freitas, estudante do curso Técnico de Enfermagem 

Labirinto de situações contraditórias

“Os objetivos da VII Jornada de Enfermagem visavam debater a comunicação como um instrumento social de inclusão em suas diversas interfaces, inclusive com as novas tecnologias de cuidado e suas implicações para a saúde e para a enfermagem, sem perder de vista o olhar interdisciplinar para a longitudinalidade do cuidado.

Ampliando os espaços de discussão da temática da violência nos diversos âmbitos, o evento ofertou momentos de diálogo sobre o tema, com a participação do assessor de projetos da FLD, teólogo Rogério Oliveira de Aguiar.

A partir do projeto Nem Tão Doce Lar, os momentos incluíram:

– A oficina de formação, no dia 13 de agosto, dirigida a representantes de serviços/instituições/entidades que já executam atividades neste campo, buscando instrumentalizar e fortalecer ainda mais as diferentes equipes, em suas ações de intervenções; além da troca de experiências para a busca de uma cultura de paz.

– A exposição interativa e itinerante Nem tão doce lar, chamando atenção para um tema através da visita guiada à casa cujo ‘espaço de aconchego, cuidado, resguardo e amor, pode muitas vezes esconder um labirinto de situações contraditórias – e muitas vezes violentas’. Além dos congressistas, estiveram visitando a casa Nem tão doce lar docentes e discentes dos cursos integrado, subsequente e superior do IFBA.”

Eliseu Miranda de Assis, diretor acadêmico do IFBA Eunápolis, e Cristiane Balthazar, professora do IFBA

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