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Das nascentes ao São Francisco, águas para a vida

Das nascentes ao São Francisco, águas para a vida
4 de outubro de 2019 Comunicação FLD

Uma só fazenda na região retira, do rio Arrojado, uma vazão de 182.203 m³/dia, que equivale a mais de 106 milhões de litros diários, suficientes para abastecer por dia mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16 mil litros.

Entre os dias 3 e 5 de outubro, o Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE ACT Brasil) realizou a Missão Ecumênica pelas Águas dos Cerrados da Bahia no oeste do estado, com o lema: “Das nascentes ao São Francisco, águas para a vida!”. Sob coordenação da CESE, a ação de incidência foi realizada em parceria com organizações sociais, movimentos populares e pastorais, com apoio das agências internacionais HEKS/EPER; Christian Aid; Brot für die Welt e Misereor. A cobertura completa está em www.cese.org.br

Desde 2015, o FE ACT vem organizando missões com o objetivo de pressionar órgãos públicos para a resolução dos conflitos, buscar maior aproximação das igrejas à realidade dos povos e reafirmar o compromisso ecumênico na defesa dos direitos humanos e ambientais. Também denunciam em âmbito internacional o contexto de desmonte, retirada de direitos, intolerância e violência, especialmente no que se refere aos povos historicamente invisibilizados pelas políticas públicas, e a violência crescente contra defensoras e defensores de direitos humanos. Em dezembro de 2017, a FLD-COMIN organizou, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pelo FE ACT, a Missão Ecumênica em Solidariedade aos Povos Indígenas Kaingang e Guarani do RS.

Águas dos Cerrados da Bahia

A Missão Ecumênica pelas Águas dos Cerrados da Bahia expôs o modelo predatório pelo qual os recursos da região são utilizadas pelo agronegócio e pelas grandes empresas, cobrando do Estado para que este cumpra seu papel na resolução dos conflitos socioambientais, territoriais e hídricos no oeste da Bahia. É urgente um modelo diferente de convivência com o Cerrado, baseado na defesa da água como bem comum, na agroecologia e no respeito aos modos de vida das comunidades tradicionais.

Audiência pública, celebração ecumênica e visitas in loco fizeram parte da programação, em comunidades dos municípios de Barreiras e Correntina.

Nesta região se encontram os rios das bacias do Carinhanha, Corrente e Grande, principais contribuintes das águas do rio São Francisco na Bahia, responsáveis por até 90% de suas águas no período seco. São elas que abastecem milhares de comunidades rurais e centenas de municípios baianos e dos outros estados do Sub médio e Baixo São Francisco. No entanto, as ações do agronegócio (que age sob a chancela do Estado) têm contribuído para uma das maiores crises hídricas da região.

Só para dar um exemplo, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) concedeu à Fazenda Igarashi, por meio da Portaria nº 9.159, de 27 de janeiro de 2015, o direito de retirar do rio Arrojado uma vazão de 182.203 m³/dia, durante 14 horas/dia, para a irrigação de 2.539,21 ha. Este volume de água retirada equivale a mais de 106 milhões de litros diários, suficientes para abastecer por dia mais de 6,6 mil cisternas domésticas de 16.000 litros na região do Semiárido. A água consumida pela população de Correntina, aproximadamente 3 milhões de litros por dia, equivale a apenas 2,8% da vazão retirada pela referida fazenda do rio Arrojado.

De acordo com Sônia Gomes Mota, diretora executiva da CESE, é preciso estar junto com as populações que lutam diariamente em defesa deste bem comum. ‘’Não podemos tratar a água como mercadoria ou bem particular, por isso, com a realização desta missão. Assumimos o compromisso de nos solidarizar com essas lutas e denunciar os conflitos existentes’’, afirma.

‘’No oeste da Bahia isso se torna ainda mais relevante porque acompanhamos as lutas das comunidades que convivem diariamente com os impactos causados pelas barragens e pelo modelo de desenvolvimento do agronegócio, que envenena e mata não somente as bacias hidrográficas, mas também as histórias e as culturas dessas pessoas’’, enfatiza Sônia.

Realizada pelo Fórum Ecumênico ACT Brasil e sob coordenada pela CESE, a Missão Ecumênica pelas Águas dos Cerrados da Bahia no oeste do Estado contou com as seguintes parcerias: Comissão Pastoral da Terra (CPT); Instituto Padre André; Coletivo dos Fundos e Fechos de Pasto do Oeste da Bahia; Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais (AATR); Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP); Pastoral do Meio Ambiente (PMA); Agência 10envolvimento; Movimento de Atingidos por Barragem (MAB); Escola Família Agrícola Pe. André (Efapa); Movimento de Mulheres Unidas na Caminhada (MMUC); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Campanha Nacional em Defesa do Cerrado: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida; Koinonia – Presença Ecumênica; Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic); Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco (Fundifran); Associação Ambientalista Corrente Verde; Processo de Articulação e Diálogo (PAD); (Acefarca), Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Cáritas Regional Nordeste3 e Ministério Público da Bahia.

Para ler o documento final da Missão Ecumênica, clique aqui.

Fonte: www.cese.org.br

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