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Pastoral Popular Luterana (PPL) divulga manifesto em defesa da dignidade da vida, das liberdades democráticas e da soberania nacional.

Pastoral Popular Luterana (PPL) divulga manifesto em defesa da dignidade da vida, das liberdades democráticas e da soberania nacional.
21 de junho de 2022 fld

MANIFESTO DO ENCONTRO NACIONAL 2022

EM DEFESA DA DIGNIDADE DA VIDA, DAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS E DA SOBERANIA NACIONAL

“Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho”. (Zacarias 11.17)

Amigas e amigos, companheiras e companheiros de caminhada,

Somos uma organização PASTORAL que atua junto a movimentos populares, comunidades de fé e alguns de nós em partidos populares. Por isso, sentimos no corpo, na mente e no espírito o sofrimento de nossa gente, especialmente, das milhões de pessoas – homens, mulheres, jovens, crianças, pessoas idosas e com deficiência – que sofrem FOME. Num país como o Brasil isso é inadmissível! É um escárnio dizer que o país que garante alimentos para o mundo, com as exportações do agronegócio, ao mesmo tempo que nosso povo passa fome, miséria e morte. O desafio maior hoje é lutar pela dignidade humana de todas as pessoas, numa sociedade que se estrutura na falácia da meritocracia, reforçando a desigualdade cruel e a desgraça geral da nação.

Não podemos aceitar que o mínimo de liberdades democráticas que ainda mantemos seja diariamente destruído por decisões de altas autoridades, do Congresso Nacional e – seguidamente – por decisões afrontosas aos mais pobres, por parte do Judiciário. Como aceitar que o governo privatize uma empresa como a ELETROBRAS por 33 bilhões de reais, quando ela vale mais do que 1 trilhão? Como é possível planejar e efetuar o desmonte da maior empresa de petróleo da América Latina e ameaçar a sociedade com a privatização da PETROBRAS? Como ainda continuar com um plano de DESTRUIÇÃO do patrimônio público com a privatização planejada do Banco do Brasil, dos Correios e outras empresas estratégicas para o futuro do país? O desafio hoje é lutar pela preservação do patrimônio público brasileiro, construído com o esforço, o suor e o sangue de gerações!

Não podemos aceitar que as autoridades responsáveis pela defesa da soberania nacional e das fronteiras do país sejam coniventes com o crime organizado responsável pelo assassinato de pessoas comprometidas com a defesa dos Povos Indígenas e a floresta amazônica, como aconteceu – desgraçadamente – em 05 de junho passado com o indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai, e o jornalista britânico Dom Phillips. As autoridades responsáveis devem uma explicação cabal desse fato ocorrido com dois amigos da Causa dos Povos da Floresta.

Também não podemos tolerar que órgãos responsáveis por proteger a população decidam usurpar outros poderes e se comportar como justiceiros e vingadores, sem dar o direito constitucional de defesa aos suspeitos. Como no caso dos 29 mortos pela Polícia Civil no massacre do Jacarezinho, em 6 de maio de 2021, e 25 mortos no massacre da Vila Cruzeiro pela Polícia Militar, em 24 de maio de 2022, ambos no Rio de Janeiro. Bem como a execução de um homem negro com transtornos mentais, Genivaldo de Jesus Santos, em câmara de gás improvisada pela Polícia Rodoviária Federal, em 25 de maio de 2022, em Sergipe. Esses são apenas os casos mais mais divulgados que chegaram à imprensa, e escondem centenas de outras violações de direitos feitas pelos órgãos policiais em todo país. Exigimos que todos esses casos sejam apurados e seja feita a justiça e compensação aos familiares das vítimas.

O momento no país é de extrema gravidade. Por isso defendemos Eleições Livres, sem interferência indevidas de quem quer que seja, sob a direção competente do Tribunal Superior Eleitoral, seus ministros e demais pessoas servidoras da Justiça Eleitoral. Queremos uma sociedade que supere a violência estrutural, que vença a discriminação contra pessoas afrodescendentes, indígenas, que respeite as diversidades, que garanta trabalho, emprego e direitos trabalhistas a todas as pessoas, com o fim da precarização atualmente em vigor. Lutamos por um país justo, que garanta a vida em paz e segurança para todas as pessoas, sem distinções ou privilégios incabíveis.

Aprendemos do testemunho bíblico que pastores e pastoras não são apenas pessoas religiosas, mas dirigentes políticos do povo (Salmo 72; 58; Amós 8.4ss). Quando tais dirigentes maquinam contra a vida da maioria, estamos na beira de um abismo insondável, de tristeza, morte e luto coletivos. Nesse sentido, o profeta Zacarias adverte:

“Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho; a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; seu braço secará completamente, e o olho direito se escurecerá” (Zacarias 11.17)

É bom que as atuais autoridades, políticas e religiosas, ouçam essa profecia. Ninguém permanece impune para sempre. A justiça pode tardar, mas chega o dia em que a verdade vence e traz luz aos tempos sombrios que vivemos.

Fonte: Pastoral Popular Luterana