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Mais de 3 mil kilombolas participam do Ato Aquilombar em Brasília (DF)

Mais de 3 mil kilombolas participam do Ato Aquilombar em Brasília (DF)
12 de agosto de 2022 fld

Kilombolas de todo o país se reuniram em Brasília (DF), nesta quarta-feira (10), para participar do Ato Aquilombar 2022, organizado pela Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ). O foco do evento era a defesa do direito aos territórios tradicionais e contra os desmontes das políticas públicas dirigidas às comunidades.

A FLD-COMIN-CAPA esteve presente por meio da participação de onze pessoas mobilizadas pelo CAPA Pelotas. Entre elas, estava Juliana Soares, assessora de projetos kilombola do kilombo Coxilha Negra, de São Lourenço do Sul (RS).

Para ela, o evento foi momento de resistência e luta: “Esse é nosso histórico [de resistência]. Foi muito importante a gente ter conseguido socializar com outras comunidades kilombolas, saber a realidade de outros lugares, especialmente de lugares que são distantes e saber quem são as pessoas das comunidades kilombolas que estão em movimento.”

Junto com ela, outras companheiras e companheiros do Rio Grande do Sul foram também: Nilo Dias, do kilombo do Algodão (Pelotas), Jerri Eliano Quevedo, do kilombo Monjolo (São Lourenço do Sul), e Vanessa Rodrigues, da comunidade kilombola da Armada (Canguçu).

Para Nilo, as pessoas kilombolas têm percebido cada vez mais a necessidade de eventos como esse. “Precisamos de espaço para construir políticas públicas direcionadas às comunidades kilombolas. As demandas são muito parecidas em todo o Brasil.”

Já para Jerri, o momento que mais chamou atenção foi a caminhada em frente aos ministérios. “Reivindicamos nossos direitos, mas ainda temos muito a caminhar para estarmos onde queremos. Precisamos estar nesses espaços de grande visibilidade onde se criam as leis.”

Vanessa conta que foi pela primeira vez que foi a um evento grande como esse fora do seu estado. “Fiquei apaixonada. Foi muito bonito. Vi a paixão das pessoas da minha raça na caminhada pela causa.”

“Mostramos pra galera branca do poder que estamos vivas e vivos. A gente resiste, como sempre resistiu historicamente, e precisamos construir as coisas coletivamente. Temos um ideal comum, que é conseguir as políticas públicas e ver nosso povo bem sem precisar mendigar nada”, conclui Juliana.

O primeiro ato Aquilombar aconteceu em 1995, em razão do centenário da morte de Zumbi dos Palmares. O encontro resultou na fundação do CONAQ seis meses depois.