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Arte que faz barulho muda comunidade de Senador Camará no Rio de Janeiro

Arte que faz barulho muda comunidade de Senador Camará no Rio de Janeiro
22 de junho de 2012 zweiarts

“São iniciativas como esta que fazem a diferença”, afirmou o bispo da Igreja Evangélica Luterana na Bavária (Alemanha), Dr. Heinrich Bedford-Strohm, após visitar o Arte em Conjunto, em Senador Camará, periferia do Rio de Janeiro (RJ). A visita aconteceu no dia 21, durante a Cúpula dos Povos, e foi organizada pela FLD, que apoia o projeto.

Bedford esteve acompanhado por uma delegação de representantes de igrejas alemãs e do parceiro institucional da FLD, o Serviço de Desenvolvimento das Igrejas Evangélicas na Alemanha (sigla em alemão EED), e por integrantes da equipe da FLD.

Os visitantes foram recebido por crianças, adolescentes e jovens, que participam das atividades do Arte em Conjunto e de outras organizações de comunidades próximas, como o grupo “Pequenos Samurais”, que trabalha toda a questão da disciplina. “O Arte em Conjunto é uma iniciativa construída a partir da reflexão e das expectativas das e dos moradores, sustentado, portanto, na mobilização comunitária”, afirmou a assessora de projetos da FLD, Marilu Nörnberg Menezes. “A partir do projeto surgiu uma Rede de Cultura reunindo diferentes grupos de arte-educação que atuam na região.”

Senador Camará já foi um dos lugares mais violentos da cidade do Rio de Janeiro. Conforme o coordenador do projeto, Mário (Mariozinho) Luiz Gomes, em 2006 a comunidade ocupava o primeiro lugar em queima de ônibus, tinha o maior índice de roubo de carros e a principal escola havia sido furtada 15 vezes em menos de um ano. Duas das maiores facções criminosas disputavam o território para a venda de drogas. Os moradores viviam uma realidade de medo, tensão e de silêncio.

“O que nos motivou a fazer algo foi a possibilidade de interferir naquela realidade, provocar os 12 mil moradores”, contou Mariozinho. A primeira conquista trazer para Senador Camará o projeto Mutirão de Grafite, que era realizado em comunidades do Rio de Janeiro.

Com a ajuda de amigos, organizou-se um grupo coordenador para promover “O dia em que a arte fez mais barulho”, que depois se chamaria Arte em Conjunto. O movimento foi crescendo e trazendo resultados: “passamos a nos comunicar com a comunidade através de ações culturais”.

O Arte em Conjunto trabalha hoje com 20 jovens multiplicadores, depois de já ter atendido também crianças. “Muitas cresceram e seguiram adiante”, relatou Mariozinho.

O depoimento das gêmeas Dayana e Dayane Main, 22 anos, do parceiro Centro Cultural Caixa de Surpresa da Vila Aliança, mostra um pouco a dimensão dos resultados do trabalho. As irmãs participam do projeto desde os 11 anos e se apaixonaram pela dança. Alunas do curso de geografia, trabalham para contribuir com a família. “Sabemos que é difícil, mas sonhamos em viver da nossa arte.” Para quem enfrenta tantos obstáculos, quem sabe?