Enquanto a sociedade desconhece totalmente a proposta da Economia Verde, grandes empresas e corporações já investem pesado na proposta, que promete uma revolução em termos de sustentabilidade. “O conceito da Economia Verde está baseado em três pilares de sustentabilidade: Ecologia, Social e Economia”, disse o representante do Serviço das Igrejas Evangélicas da Alemanha para o Desenvolvimento (sigla EED em alemão), Michael Frein. “O cômico é que os defensores dizem que esses pilares não precisam necessariamente estar sustentando a ideia ao mesmo tempo. Que tipo de conceito é esse?”
Frein participou da palestra Rio+20 e Economia Verde: um impasse para o desenvolvimento sustentável, promovida pelo EED no dia 27 de janeiro, em Porto Alegre (RS), como parte do Fórum Social Mundial. Junto com ele estavam Farida Akhter, de Bangladesh, Malcolm Damon, da África do Sul, King-David Amoah, de Gana, Andrew Mushita, do Zimbábue, e Iara Pietricovsky, do Brasil, trazendo depoimentos e preocupações sobre o vem por ai.
“Precisamos construir um movimento global, criando obstáculos para combater a hegemonia econômica, que agora vem pintada de verde”, afirmou Iara, antropóloga, membro do Colegiado de Gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20) . “A economia verde promete uma transição, no entanto, o modelo de sociedade de consumo, produção etc, é o mesmo. É uma tentativa do próprio sistema hegemônico de se reorganizar e sobreviver.”
A grande preocupação do EED e de seus parceiros internacionais – muitos dos quais organizaçaões brasileiras – é que o Rascunho Zero (Draft Zero), documento que servirá de base para os acordos e resultados da Rio+20 oficial da ONU, traz a economia verde como a resposta para a crise de sustentabilidade. “Nas 19 páginas, são 133 repetições da palavra ‘sustentável’ e 39 do adjetivo ‘verde’. Não queremos a economia verde. Queremos uma economia que traga de volta a ideia do bem comum, da ética e de outro padrão de fazer política”.
Fotos: Francielle Caetano/PMPA
Mais: Leia avaliação crítica de Iara Pietricovsky sobre o Zero Draft- “Onde nós pudemos ler, criticar e perceber que esse documento na verdade não apresenta nenhuma alternativa para solucionar os problemas e as tragédias que nós estamos vivendo em termos de mudanças climáticas, sustentabilidade, de mudanças de padrão. Ou seja, nós precisamos mudar o sistema político de produção e consumo, de modos de vida; sistema esse que precisa de mudanças radicais.”
Acesse aqui a matéria completa: http://www.inesc.org.br/
Leia aqui o Zero Draft em português.