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FLD apoia organizações da sociedade civil pela defesa dos Povos do Xingu

FLD apoia organizações da sociedade civil pela defesa dos Povos do Xingu
21 de fevereiro de 2013 zweiarts

Ao passo que as organizações da sociedade civil realizam iniciativas visando à conservação da biodiversidade, a própria existência das dezenas de povos indígenas do bioma amazônico, como os do Xingu, o governo brasileiro impõe a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Por causa dessa obra, e de outras já concluídas como Hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, Balbina e Tucuruí, as comunidades indígenas encontram-se sem alternativa de sobrevivência e ameaçadas por conflitos fundiários e crimes ambientais.

O Instituto Socioambiental (ISA) vem denunciando que a execução do Plano de Proteção às Terras Indígenas (Tis) impactadas pela hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA), está atrasada em quase dois anos, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai). Parte das ações previstas já deveria ter sido realizada pela Norte Energia e pelos órgãos públicos competentes antes da emissão da Licença de Instalação, ocorrida em junho de 2011.

“A eficiência que se verifica na execução do cronograma da obra não se reflete na execução das condicionantes sociais, ambientais e econômicas assumidas pela Norte Energia, quando arrematou Belo Monte no leilão promovido pelo governo em março de 2010. O descompasso aumenta de forma extremamente preocupante, degradando de forma crescente as condições de vida na região. Aliado a este descompasso, o poder público parece não ter pulso para enfrentar a questão”, avalia o secretário executivo do ISA, André Villas-Bôas.

Apoio à conservação

O primeiro encontro interétnico realizado pelo ISA para discutir os caminhos da conservação da agrodiversidade e a segurança alimentar dos povos do Xingu contou com o apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD). O “Encontro de trocas de sementes e mudas e de conhecimentos sobre os alimentos das roças tradicionais dos índios do Xingu”, realizado durante cinco dias, em 2011, nasceu da preocupação dos alunos de outras iniciativas da entidade, devido à diminuição dos produtos das roças.

No intercâmbio de gerações, os jovens indígenas das etnias Yudja, Kawaiwete (Kaiabi), Ikpeng e Kisêdjê encontraram-se na aldeia Tuiararé, dos Kawaiwete, em Mato Grosso, e trocaram sementes, compartilharam saberes sobre as regras e o jeito de plantar cada cultura. Esses grupos têm em comum o deslocamento de suas regiões originais para o Parque Indígena do Xingu. De acordo com o ISA, uma convivência pacífica teve a mediação da Funai, através dos irmãos Villas-Bôas. Ao longo do tempo, junto com outras etnias do Xingu, criaram a Associação Terra Indígena Xingu, a qual representa os interesses comuns dos povos do Xingu.

Segundo Kamiran Kawaiwete, através desse primeiro encontro conseguiram resgatar variedades perdidas, além de ter sido um incentivo aos mais jovens para conhecer e colocar em prática o aprendizado. Assim, também ficou manifestada a importância dos jovens aprenderem mais a própria cultura e aproveitarem a convivência com os mais velhos.

A FLD apoia outros projetos para a conservação da complexa biodiversidade dos biomas do Brasil, além do amazônico, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. Mais informações sobre os povos indígenas do Xingu podem ser acessadas no site http://www.socioambiental.org/

Fonte: Fundação Luterana de Diaconia com informações do Instituto Socioambiental


Foto de Joanatan Fernandes, divulgação do Instituto Socioambiental: Preparo tradicional de alimentos realizado durante o encontro