DOAR AGORA

Petróleo no Brasil: agendas comuns e uma aliança por mais transparência

Petróleo no Brasil: agendas comuns e uma aliança por mais transparência
5 de abril de 2013 zweiarts

No dia 15 de março, a Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN) – parceira financiadora da FLD -, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o Greenpeace Brasil realizaram o debate Petróleo no Brasil: agendas comuns e pressupostos para uma aliança por mais transparência, na sede do Ibase no Rio de Janeiro. O encontro contou com a presença de representantes das seguintes organizações: Federação Única dos Petroleiros (FUP), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Christian Aid, Sindipetro-RJ, Fundação Luterana de Diaconia (FLD), FASE, Fórum Capixaba e Universidade de Oslo.

No evento, foi apresentado como subsídio ao debate o relatório “Desafios das exploração de petróleo no Brasil e o perfil da participação norueguesa no setor: questões relevantes para a sociedade civil”, organizado pela AIN. O relatório se divide em duas partes: Desafios da indústria petrolífera no Brasil, de Nilo D'Ávila (Greenpeace); e Participação norueguesa na indústria petrolífera brasileira, de Helge Ryggvik (Universidade de Oslo). O professor de oceanografia da UERJ, David Zee, perito do Ministério Público Federal no acidente no Campo de Frade, também participou do encontro como palestrante.

Dos debates surgiu a crítica ao ciclo de desenvolvimento centrado na expansão petroleira. As implicações socioambientais desse modelo – especialmente em um cenário de crise climática cada vez mais evidente – e as implicações para a própria estratégia de desenvolvimento econômico – a indústria extrativa teve um aumento na sua participação no PIB nos últimos 10 anos da ordem de 120% – tornam mais evidentes as dúvidas do que as certezas sobre a entrada do Brasil em um ciclo de expansão petroleira.

A discussão apontou a necessidade de se visualizar um cenário mais amplo do que apenas a exploração offshore em si, considerar a finitude do recurso e o que fazer com a riqueza gerada (especialmente a renda extrativa, gerada pela própria escassez do recurso em si), ampliar a crítica aos impactos do modelo industrial extrativo em geral e construir as bases para a transição para uma economia pós-petroleira.

Na Noruega, por exemplo, já há um debate estabelecido sobre o futuro depois que o petróleo terminar. Sindicatos petroleiros começam a debater questões como a transição energética do petróleo para outras fontes renováveis, como energia eólica offshore, e as consequentes mudanças no perfil e papel dos trabalhadores. Organizações ambientalistas norueguesas também pressionam para colocar esse debate na agenda política do governo, de forma relativamente bem sucedida, mas ainda sem poder de transformação real. A AIN deseja contribuir para dar mais visibilidade a este tema junto à sociedade civil no Brasil, canalizando informação e conhecimento sobre o contexto petrolífero norueguês, sua história e atuais desafios, que sejam de interesse das organizações brasileiras.