No dia 18 de agosto de 2017, em São Leopoldo (RS), realizou-se o seminário O atendimento aos homens autores de violências na perspectiva da promoção da igualdade de gênero, organizado pela Associação Arte Cultura para a Paz Isaura Maia (AAPPIM). O evento contou com a participação de 94 pessoas, vindas dos municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Dois Irmãos e Caxias do Sul.
O seminário faz parte do projeto Homem que é homem não bate em ninguém – serviço de atendimento aos homens autores de violência, executado pela Associação Isaura Maia com apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), por meio do Programa de Pequenos Projetos (PPP), e do Juizado de Violência Doméstica de São Leopoldo. Iniciado em novembro de 2016, o projeto já atendeu mais de 100 homens em grupos reflexivos sobre gênero.
Segundo o seu coordenador, o sociólogo Júlio Sá, os serviços de atendimento aos homens buscam não somente a responsabilização do homem autor de violência, mas através de um processo de escuta, querem desenvolver uma nova consciência e comportamento, com o objetivo de resolver conflitos de forma não violenta. Um dos maiores desafios é fazer com o que os homens reconheçam que o status quo de dominação masculina em nossa sociedade é prejudicial inclusive a eles. “Os homens são parte do problema da violência contra as mulheres e precisam reconhecer isso. Iniciativas como esse seminário são importantes, pois dão visibilidade a situações semelhantes, além da própria Lei Maria da Penha e outras políticas públicas de gênero”.
Na mesa As organizações da sociedade civil e o seu compromisso com a Justiça de Gênero, a presidenta da AAPPIM, Débora Perin, destacou a relevância da iniciativa e do quanto se faz necessário introduzir a temática de gênero no projeto político-pedagógico das organizações. Já Rogério Aguiar, assessor de projetos da FLD, ressaltou que a justiça de gênero é o principal desafio para os tempos atuais, por ser a violência contra a mulher uma violação de direitos humanos e que atinge toda sociedade.
A presidenta do Conselho Municipal da Mulher de São Leopoldo, Antoninha Della Mea Lima, e a secretária de Políticas para as Mulheres de São Leopoldo, Joseli Troian, apresentaram a rede municipal de atendimento e de enfrentamento à violência contra a mulher e saudaram a iniciativa da Isaura Maia para a busca de uma efetiva equidade de gênero.
O assessor da Juíza Michele Scherer Becker, titular do Juizado da Violência Doméstica/Comarca de São Leopoldo/RS, Gustavo de Britto, apresentou dados sobre o número de casos que chegam ao juizado, relativos à violência doméstica, destacando a importância dos trabalhos desenvolvidos que atendam também os agressores, a fim de que não repitam essa prática.
Na mesa Masculinidades e o atendimento aos homens autores de violências foram relatadas cinco experiências de atendimento aos homens autores de violências. Os painelistas foram: o sociólogo Dr. em Teologia, Adilson Schultz, ex-coordenador de Grupos de Ressocialização de Homens Agressores – ONG ALBAM/Minas Gerais; o educador e sociólogo, coordenador do Serviço de Atendimento aos Homens Autores de Violências (AAPPIM), de São Leopoldo, Júlio Sá; a psicóloga Ma. em Direito, coordenadora do Grupo Reflexivo de Gênero do Juizado de Violência Doméstica e Familiar de Porto Alegre, Ivete Vargas; a assistente social, especialista no Direito da Criança e Adolescente, coordenadora Grupo Reflexivo de Homens Centro Jacobina/ São Leopoldo, Mara Ivani Sallin; e a psicóloga judiciária do Juizado da Violência Doméstica da Comarca de Caxias do Sul, coordenadora do Projeto HORA – Homens: Orientação, Reflexão e Atendimento, Maria Elaene Tubino.