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“Sou catadora de materiais recicláveis, mas sempre fui catadora de gente”

“Sou catadora de materiais recicláveis, mas sempre fui catadora de gente”
4 de dezembro de 2018 zweiarts

Maria Tugira Cardoso, Marlui Tellier e Dailor dos Santos, no Painel Catadora de Gente, na Feevale

 

O Seminário sobre Direitos Humanos, Trabalho e Meio Ambiente, realizado no dia 30 de novembro, na Feevale, em Novo Hamburgo (RS), reuniu alunas, alunos, professoras e professores da universidade, com o objetivo de aprofundar a discussão teórica, articular projetos de pesquisa de programas da pós-graduação e conhecer iniciativas sociais na área.

O painel sobre Coleta Seletiva Solidária: inclusão socioeconômica de catadoras e catadores de materiais recicláveis, contou com a participação de Maria Tugira Cardoso, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), juntamente com Adriane Schumacher, do Projeto Pampa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD). Tugira é uma liderança reconhecida e respeitada, com uma longa caminhada como catadora e como membra do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Ela contou sobre como saiu do lixão de Uruguaiana (RS), onde trabalhou por 30 anos, para criar a Associação Amigas e Amigos da Natureza (Aclan), e sobre sua luta, junto à Prefeitura, para a contratação da Aclan para a realização da Coleta Seletiva Solidária no município.

À noite, Tugira participou do painel Catadora de Gente, juntamente com a assessora de projetos da FLD, Marluí Tellier, de Dailor dos Santos e Inês Reichert, docentes da Instituição, e mediação de Cristian Metz. O painel teve início com a apresentação do curta-metragem Catadora de Gente, dirigido por Mirela Kruel, inscrito no 36º Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes do país. Nele, Tugira narra sua história e traz uma profunda reflexão sobre as desigualdades sociais do Brasil. Por sua participação, recebeu o troféu Kikito de Melhor Atriz em Curta Metragem. “Nunca esperei ganhar o prêmio. Não atuei no filme, não houve nenhuma representação. Não sou atriz. Falei da minha vida, da vida de catadoras e catadores, do cotidiano duro e embrutecedor de viver sobre um lixão, de tirar a subsistência dali, dos restos da sociedade, mas também sobre como buscar alternativas para sair.” O lixão de Uruguaiana foi fechado em 2014, a partir da mobilização de catadoras e de catadores de Uruguaiana, com papel decisivo de Tugira, e de ações de incidência da FLD e do MNCR.

O evento da Feevale, que contou com a parceria da FLD e da Justiça Federal do Rio Grande do Sul, foi promovido pelo Grupo de Pesquisa em Metropolização e Desenvolvimento Regional (Propex), por meio dos programas de extensão: NIARA e Educação e Cultura em Direitos Humanos; dos Programas de Pós-Graduação: Diversidade Cultural e Inclusão Social, Qualidade Ambiental, Processos e Manifestações Culturais, e do mestrado em Indústria Criativa.

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