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Relatos inspiradores mostram a relevância de iniciativas apoiadas pelo Programa de Pequenos Projetos

Relatos inspiradores mostram a relevância de iniciativas apoiadas pelo Programa de Pequenos Projetos
3 de outubro de 2019 fld

A esperança pulsa. E mobiliza! Essa foi a vivência proporcionada por uma série de visitas a projetos apoiados através do Programa de Pequenos Projetos (PPP) da FLD, realizadas no final do mês de agosto e início de setembro, em um roteiro realizado pela região Nordeste do Brasil.

Foram duas semanas de viagem, três cidades em três estados e 11 projetos visitados, para fazer o acompanhamento a iniciativas apoiadas.

Pernambuco

O percurso teve início no dia 26 de agosto, em Recife, para conhecer ações desenvolvidas com juventudes pela organização Diaconia. No diálogo, trocas sobre direitos da juventude, justiça de gênero, incidência e o protagonismo de jovens como agentes de transformação.

No mesmo dia, houve a reunião com mulheres do Movimento da Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR/NE, que viajaram inclusive de outros estados (Paraíba e Sergipe) para estar na reunião. Na tarde de diálogos, as mulheres apresentaram as ações que o movimento vem realizando, trazendo o relato da preparação e participação na Marcha das Margaridas 2019 e das ações desenvolvidas no âmbito da Escola de Educadoras Feministas.

No dia 27, a reunião foi com o CIMI/NE e tratou do projeto desenvolvido pelo povo Xukuru. O relato trazido pela equipe técnica do CIMI destacou como a juventude indígena vem desempenhando papel protagonista nas lutas pelo território, pelo resgate das tradições e também na luta contra a instalação de usinas nucleares, uma ameaça forte na região que afetará diretamente territórios indígenas e quilombolas.

À tarde, a conversa foi com as integrantes do Projeto Ramá, que atua com mulheres de empreendimentos econômicos solidários da região metropolitana de Recife, articuladas também no Fórum de Economia Solidária da Região Metropolitana de Recife. Na ocasião, estava sendo realizada também a primeira reunião de avaliação do projeto, reunindo grande parte das mulheres que estão participando das ações de formação. Na roda de diálogos, as avaliações trazidas pelo grupo indicam que, diante de um contexto adverso, de desmantelamento de políticas públicas também na área da Economia Solidária, a participação no projeto tem renovado ânimos e esperanças para muitas delas.

Pela manhã do dia 28, a visita foi ao Movimento LGBT Leões do Norte, na sede da Escola de Formação Quilombo dos Palmares (EQUIP). Ambas as organizações desenvolvem ações em parceria, na perspectiva da educação popular. O Movimento Leões do Norte desenvolve ações de incidência no âmbito dos direitos da população LGBT+ e estão trabalhando com formação de lideranças para incidência no interior de Pernambuco. Junto a isso, estão realizando oficinas com a juventude na região metropolitana do Recife, abordando a temática da justiça de gênero.

Na parte da tarde, os diálogos se deram com a equipe que vem desenvolvendo formações na área da economia solidária junto a grupos e movimentos do interior do estado de PE. O encontro foi realizado na sede da Associação de Orientação às Cooperativas do Nordeste (Assocene), que vem executando ações de fortalecimento do movimento de economia solidária em diversas regiões do estado.

Entre os dias 29 a 31 de agosto, aconteceu em Recife o “Seminário de Conjuntura do Nordeste”, no qual a EQUIP esteve articulada na organização, em parceria com diversas organizações e movimentos sociais da região NE. O evento, que também contou com o apoio do PPP, trouxe para a pauta momentos de análise de conjuntura e trabalhos em grupo, buscando trazer propostas para a busca da unidade nas lutas por direitos e propostas para motivar ao debate, à articulação e à mobilização.

Paraíba

Na primeira semana de setembro, o roteiro seguiu para a Paraíba. Em João Pessoa, foi possível conhecer de perto três grupos e iniciativas apoiadas. A primeira delas, no dia 2, através de um diálogo com uma das coordenadoras do Projeto LIS – Liberdade, Igualdade e Sororidade. O coletivo feminista realizou o Seminário Enfrentando Coletivamente Violências Contra as Mulheres, em 2018, executado com o apoio do PPP. Na ocasião, houve também a realização das oficinas da Nem Tão Doce Lar, em parceria com a FLD. O Projeto LIS vem se articulando com outros coletivos e promovendo diversas ações, como rodas de conversa e atividades culturais, por meio das quais são trazidos para o debate temas relacionados às pautas de luta das ulheres.

Ainda no dia 2, foram conhecidas as iniciativas de outro coletivo de mulheres, o Cunhã Coletivo Feminista. No diálogo, as mulheres da equipe trouxerem elementos sobre a atuação e metodologia de trabalho do coletivo, embasada na educação popular e pedagogia feminista. No âmbito do projeto, que previa ações de formação, articulação e mobilização, uma das principais ações constituiu-se em mutirões de produção de peças de comunicação, como resposta à desqualificação do movimento feminista por parte de um apresentador de programa de televisão regional. Por meio de ação junto ao Ministério Público, pedindo a retratação do apresentador e também ações de reparação, foram veiculadas peças diárias, produzidas por coletivos de mulheres, trazendo temas relacionados à violência de gênero e mulheres e direitos humanos.

Na manhã do dia 3, a visita foi à Rede Paraibana de Bancos Comunitários. O encontro foi realizado na Comunidade São Rafael, reunindo representantes dos Bancos Comunitários Lagoa, Jardim Botânico e Maringá, que estão desenvolvendo um projeto regional para fortalecimento da Rede e das mulheres dos três territórios. Além de conhecer as ações que vêm sendo desenvolvidas, realizou-se também uma visita à comunidade e às futuras instalações do Centro Comunitário de Economia Solidária Paul Israel Singer.

Bahia

No dia 4, já em Salvador, na Bahia, os diálogos foram realizados com a equipe da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE. Este foi um dia para trocas sobre metodologias e processos, além de conhecer as principais ações que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do apoio a projetos.

Ainda em Salvador, mais dois projetos foram visitados. O Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA desenvolve projeto envolvendo mulheres catadoras de materiais recicláveis da região metropolitana. Na roda de conversa estiveram presentes mulheres de cooperativas que vêm participando das atividades. Em seus relatos, destacam que, por meio de suas vivências e experiências, puderam perceber que “isso não é lixo, mas que é renda!”. Destacaram também as atuações em espaços de incidência, onde estão levando a suas falas, e de como têm se organizado coletivamente para a luta na defesa de direitos.

No último dia de visitas, na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, a oportunidade foi de conhecer a equipe da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismos – Regional Nordeste (FeNEA-NE) que desenvolveu ações envolvendo movimento estudantil e comunidade, por meio da realização do evento “Mambembe 2018: Subúrbio sobre trilhos, patrimônio popular”, em que trouxe o debate sobre a implantação do VLT nesse território e os impactos que serão decorrentes dessa grande obra. O encontro foi realizado no espaço do Acervo da Laje, espaço artístico-cultural que promove ações descentralizadas de cultura e valorização de artistas regionais.

Foram dias de muitos relatos potentes e inspiradores, que demonstram a relevância dos projetos nos seus diferentes contextos e apontam para os importantes resultados que vêm sendo alcançados.