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Nem Tão Doce Lar integra as atividades alusivas ao Agosto Lilás em Porto Velho (RO)

Nem Tão Doce Lar integra as atividades alusivas ao Agosto Lilás em Porto Velho (RO)
21 de agosto de 2023 Comunicação FLD
POR EQUIPE NEM TÃO DOCE LAR

Entre os dias 8 e 10 de agosto, a Nem Tão Doce Lar, iniciativa desenvolvida pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD), esteve na cidade de Porto Velho (RO) visando sensibilizar a sociedade para o tema da superação da violência doméstica e familiar. As atividades foram realizadas em parceria com o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPRO).

No dia 8, mais de 50 pessoas se reuniram no auditório do MPRO para participar da Oficina de formação de acolhedoras e acolhedores. Foram ofertadas vagas para servidoras e servidores do MPRO, representantes da rede de proteção a vítimas de violência doméstica, patrulha Maria da Penha e organizações da sociedade civil.

A oficina foi conduzida por Rogério Oliveira de Aguiar, assessor de projetos da FLD na área de Diaconia e Direitos Humanos, e contou com a colaboração de Cristiano de Paula, psicólogo do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) e professor na Faculdade Católica de Rondônia. Cristiano trouxe a reflexão sobre o machismo estrutural como pilar das relações abusivas e a urgência de se pensar formas não violentas de vivência da masculinidade.

Os grupos reflexivos de acompanhamento a homens autores de violência doméstica estão previstos no artigo 22 da Lei Maria da Penha, lei 11.340/2006, mas ainda estamos muito distantes de garantir a aplicabilidade dessa demanda como política pública de fato. Algumas iniciativas desenvolvidas pelo país mostram a eficácia desse trabalho e a necessidade de investimento nessas pautas em caráter preventivo.

Elineide Ferreira, assistente social e Reverenda da Igreja Anglicana, abordou o tema da violência doméstica na interface com a violência religiosa durante a oficina. Ela enfatizou a necessidade de desconstrução dos discursos fundamentalistas e a necessidade de uma disputa de narrativas no campo religioso, esvaziando os discursos proferidos por lideranças conservadoras que se colocam em uma posição de domínio e controle, especialmente das mulheres.

“Quero frisar a grandeza desta metodologia ao capacitar os membros componentes da rede de enfrentamento à violência doméstica, pelo seu impacto gerador de maior sensibilização nos profissionais que lidam diretamente com os públicos em vulnerabilidade, em especial mulheres e crianças, oportunizando um novo olhar para os casos e uma melhor abordagem e compreensão da complexidade da violência na vida das pessoas. E o retorno nas nossas redes socias de agradecimento dos alunos relatando que nunca haviam participado de algo parecido”, ressaltou. Elineide é também coordenadora da Casa Noeli e está à frente do Conselho Municipal de Assistência Social no município de Ariquemes (RO).

Visitação à casa-exposição

A exposição à casa da Nem Tão Doce Lar foi aberta ao público nos dias 9 e 10 e percorrida, majoritariamente, por estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio de escolas da rede pública de Porto Velho. Mais de 250 pessoas, entre estudantes, grupos de mulheres e funcionárias e funcionários do MPRO, realizaram a visitação.

Estudantes de seis escolas tiveram a oportunidade de conhecer a casa-exposição, também montada no auditório do MPRO, e partilhar de uma roda de conversa com as acolhedoras e acolhedores, fazendo considerações sobre os cenários. Também foi possível conhecer o fluxograma de encaminhamentos nos casos de violência contra as mulheres e abuso sexual na cidade de Porto Velho. Para isso, participaram do acolhimento pessoas ligadas à rede de proteção às crianças e adolescentes e a patrulha Maria da Penha.

“Metodologia impactante. Um cenário que nos leva a ter um novo olhar no ambiente familiar, principalmente para o profissional de saúde como no meu caso. Se estivesse fazendo uma visita com a equipe de saúde da família, com toda certeza o cenário treina o olhar, deixando-o atento às nuances, traços e rastros que a violência doméstica e familiar deixa. Nos faz repensar a metodologia de abordagem familiar dentro da estratégia da saúde da família do SUS”, afirmou Itaci Ferreira, funcionária da Secretaria de Saúde de Porto Velho, preceptora da Residência Multiprofissional da Estratégia Saúde da Família, membra da mesa diretora do CMDDM-Porto Velho e da Rede Lilás.

“As pessoas não saem da exposição como chegaram, algumas são muito impactadas e sensibilizadas, outras um pouco menos, mas todas saem com a sementinha da reflexão em suas mentes.  A Fundação Luterana de Diaconia tem tido um papel fundamental, através da Nem Tão Doce Lar, em fomentar este olhar atento às violações de direitos dentro dos lares. Saio de mais uma edição com sentimento utópico de que estamos no caminho certo, para uma sociedade mais igualitária, menos adoecida e menos violenta”, destacou Elineide.

Atuação conjunta

A parceria da FLD com o MPRO teve início em 2018 durante as atividades alusivas ao 8 de março na cidade Ariquemes, e se repetiu, em 2019, incluindo os municípios de Ji-Paraná e Porto Velho. Em 2022, a Nem Tão Doce Lar retorna a Ariquemes e, em 2023, a exposição volta a Porto Velho pela segunda vez. Entre as principais parcerias, está a Casa Noeli dos Santos (Casa de Acolhimento às Mulheres em Situação de Violência), projeto diaconal desenvolvido pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB).

A promotora Lisandra Vanneska M. Nascimento, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica (NUVID), foi a responsável pela articulação que garantiu o retorno da Nem Tão Doce Lar à Rondônia. O trabalho da exposição contribuiu para o estreitamento dos laços entre MPRO e organizações governamentais e da sociedade civil, em estratégias de enfrentando a violência doméstica por meio de ações preventivas, espacialmente com jovens.

“O projeto ‘Nem tão Doce Lar’ nos deu a oportunidade de debater diversas situações que envolvem violência doméstica e familiar. A experiência trouxe acolhimento e profunda discussão sobre o tema, com exposição que levou a uma imersão surpreendente e impactante. Foi emocionante perceber no público, através das rodas de conversa, como o projeto ensina, acolhe e renova a ideia de que uma rede de proteção bem construída traz esperança de recomeço para as vítimas de violência doméstica”.

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