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No Maio Laranja, exposição Nem Tão Doce Lar percorreu municípios da Bahia

No Maio Laranja, exposição Nem Tão Doce Lar percorreu municípios da Bahia
24 de maio de 2023 fld
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD

Salvador e Cachoeira (BA) receberam a iniciativa da Nem Tão Lar, entre os dias 15 e 19 de maio, formando cerca de 35 acolhedoras e acolhedores para o tema da superação da violência doméstica e familiar.

As atividades também integraram as ações alusivas ao 17 de maio, Dia Internacional de Combate à LGBTfobia – data em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de psicopatologias, no ano de 1990 – e 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Esta foi a segunda vez que a Nem Tão Doce Lar esteve na Bahia. Em 2018, a exposição integrou as atividades da VII Jornada de Enfermagem, no Instituto Federal da Bahia (IFBA), na cidade de Eunápolis.

A iniciativa é da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e nos municípios baianos foi realizada em parceria com Koinonia Presença Ecumênica, CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Articulação de Mulheres Negras no quilombo Engenho da Ponte, Rede de Mulheres Negras e Igreja Presbiteriana Unida de Salvador. As atividades da Nem Tão Doce Lar na Bahia contaram com o apoio do Fórum Ecumênico ACT Brasil e do Programa Global de Gênero de ACT.

Em 2023, a iniciativa já esteve nos municípios de Santo Ângelo e Alegrete (RS), onde mais de 500 estudantes e público geral visitaram a exposição e cerca de 60 profissionais da rede local de apoio e acolhimento de vítimas da violência doméstica e acadêmicas e acadêmicos participaram da oficina de formação para acolhedoras e acolhedores. Além da Bahia, a Nem Tão Doce Lar ainda irá percorrer, neste ano, mais cidades gaúchas e os estados do Espírito Santo, Pernambuco e Rondônia.

Os diversos tipos de violência é um dos temas trabalhados na formação e na exposição da Nem Tão Doce Lar. Foto: Daniela Huberty/FLD

Cachoeira

No Recôncavo Baiano, no município de Cachoeira, a oficina de formação para acolhedoras e acolhedores contou com a participação de mulheres kilombolas de cinco territórios da região, além de outras e outros participantes.

“A formação foi de extrema importância pra todas nós, enquanto mulheres pretas e kilombolas. Foi a nossa primeira formação focada nesse sentido”, ressaltou Maria da Conceição Absde da Silva Confessor, ativista e liderança kilombola, do kilombo Engenho da Ponte, de Cachoeira. “Estamos muito gratas e felizes por poder participar e possivelmente seremos multiplicadoras levando essa semente por onde a gente passar, porque sabemos que nem sempre os lares são tão doces”.

A oficina foi realizada no dia 15 e, entre os dias 16 e 18, foi aberta para visitação pública a exposição da Nem Tão Doce Lar. Trata-se de uma casa familiar, montada a partir de elementos da cultura local, com informações e imagens que denunciam a violência sofrida por mulheres, crianças, jovens, pessoas idosas e com deficiência. Ambas aconteceram no UBUNTU – Casa de Cultura, Arte e Formação.

Salvador

As atividades em Salvador ocorreram na Igreja Presbiteriana Unida (IPU). A oficina, realizada dia 18, teve a presença da Reverenda Bianca Daébs, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), e assessora ecumênica e de diálogo inter-religioso da CESE, que tratou sobre a violência de gênero em ambientes religiosos, com foco nos espaços cristãos.

“As violências de gênero estão na sociedade, principalmente sobre as mulheres, e se refletem na igreja, que é feita de pessoas, mas não precisamos compactuar com isso, não precisamos levar isso adiante. Não é fácil, mas podemos romper com essa estrutura”.

Já a exposição foi montada no dia 19, também junto à igreja. Ágatha Amorim Rosas, arquiteta e urbanista, esteve no local e afirmou que foi possível perceber os diferentes sinais que denunciavam a violência, ao longo dos cômodos, e entender melhor cada um dos tipos. “Achei extremamente importante porque, mesmo em tempos de realidade virtual, que a gente pode passear virtualmente por ambientes, não seria tão imersivo quanto é estar de fato na exposição, que você pode interagir com tudo. Você pode de fato perceber tudo que pode ocorrer em uma casa em que há violência doméstica”.

Clariana de Carvalho Mota, psicóloga, e Daiane Dantas Barreto, assistente social, ambas profissionais do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município, participaram da formação e destacaram como as discussões feitas irão contribuir no trabalho.

“A gente lida com isso diariamente, o nosso público está sofrendo todas as formas de violência. Então é uma troca muito interessante e a metodologia apresentada nos traz ideias de como a gente pode começar a abordar isso com as pessoas que a gente atende e acolhe, e perceber nas visitas domiciliares traços de violência que estão ali, no ambiente da casa”, relatou Clariana.

“Quando a gente participa de uma formação dessa e que novamente somos chamadas à reflexão e aguçar nossa criticidade, eu penso que a gente retorna pro serviço com a perspectiva renovada. […] nos convoca a refinar novamente o olhar e pensar o quanto essa é uma problemática que está muito presente nas comunidades e o quanto a gente precisa fortalecer as famílias e tratar isso no coletivo”, complementou Daiane.

 

*Nós da FLD-COMIN-CAPA optamos por escrever kilombolas com “k” para dar protagonismo aos idiomas originários das palavras (povos africanos).