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Santo Ângelo (RS) recebe exposição Nem Tão Doce Lar pela superação da violência doméstica e familiar

Santo Ângelo (RS) recebe exposição Nem Tão Doce Lar pela superação da violência doméstica e familiar
4 de abril de 2023 fld
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA FLD

Entre os dias 29 e 31 de março, a Nem Tão Doce Lar esteve em Santo Ângelo (RS), marcando o início das ações da iniciativa neste ano. As atividades, que incluem oficina de formação para acolhedoras e acolhedores, exposição para visitação pública e rodas de diálogo, buscam sensibilizar a sociedade para o tema da superação da violência doméstica e familiar.

Esta é a segunda vez que a Nem Tão Doce Lar chega a Santo Ângelo. O município foi a primeira cidade fora da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS) a receber a exposição, no ano de 2007, durante a campanha internacional dos 21 dias pelo fim da violência contra as mulheres.

Iniciativa da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), em Santo Ângelo foi realizada em parceria com o Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul (MP-RS), através do Grupo Especial de Prevenção e Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (GEPEVID), a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) e a Coordenadoria Municipal da Mulher, com apoio do Sicredi.

A Nem Tão Doce Lar visa sensibilizar a sociedade sobre a temática da violência para sua superação. Foto: Daniela Huberty/FLD

O trabalho realizado foi celebrado por Carla Carrion Frós, promotora de Justiça do MP-RS e coordenadora do GEPEVID. “É fundamental para que a gente possa levar para o interior e para as mais diversas regiões do estado o trabalho de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, através dessa formação e exposição”.

Rosângela Angelin, docente do curso de Direito da URI, também exaltou a parceria. “Sabemos da importância de todas as legislações existentes, que servem como instrumento do combate a qualquer tipo de violência contra as mulheres, e das redes de apoio que têm os municípios e vêm buscando toda uma mudança cultural. Mas só elas não dão conta disso. Precisamos fazer um trabalho conjunto de formação, informação e acolhida para podermos construir uma sociedade mais justa e fraterna, onde homens, mulheres e qualquer designação de gênero possam conviver como seres humanos e humanas que somos”.

Além de Santo Ângelo, a Nem Tão Doce Lar ainda irá percorrer, neste ano, as cidades gaúchas de Alegrete, Cachoeira do Sul, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande e Santa Maria.

Na exposição, são apresentadas pistas que tratam de diferentes tipos de violência doméstica e familiar. Foto: Daniela Huberty/FLD

Exposição interativa

A exposição da Nem Tão Doce Lar leva ao espaço público uma típica casa familiar, com informações e imagens que denunciam a violência sofrida por mulheres, crianças, jovens, pessoas idosas e com deficiência. A mostra foi montada no Centro Municipal de Cultura Santo Ângelo Custódio, nos dias 30 e 31.

Mais de 200 estudantes do Ensino Fundamental e Médio e público geral visitaram o local, onde foi possível circular por diferentes cômodos da casa, identificar pistas deixadas nos cenários e ler pequenos cartazes nos quais constavam informações a respeito dos diversos tipos de violência que podem acontecer no ambiente e convívio doméstico e familiar.

Fernanda Broll Carvalho de Almeida, promotora de Justiça do MP-RS e integrante do GEPEVID, ressaltou a importância da iniciativa para debater a prevenção às diferentes formas de violência. “O trabalho do sistema de justiça convencional com as violências, principalmente as violências em relação aos públicos vulneráveis, tem um limite e a prevenção ali pouco existe. Aqui a gente está investindo para que esses jovens percebam essas violências, que muitas vezes são veladas por já fazerem parte do cotidiano familiar ou social da comunidade onde convivem, e dando a oportunidade para que eles reflitam e daqui a pouco em outros espaços continuem com essa reflexão e não perpetuem essas ações”.

Ao final da visitação à exposição, em uma roda de conversa conduzida pelas acolhedoras e pelos acolhedores, as pessoas visitantes puderam conversar e partilhar suas impressões. Para Fernanda de Lima Herter, jovem aprendiz que esteve no local com sua turma, chamou a atenção os detalhes que remetem à violência contra as mulheres. “É muito interessante pra gente conseguir se inserir em como é o cenário real de uma mulher que sofre violência doméstica. E como falamos aqui, a gente não pode conversar só sobre a violência doméstica no Dia da Mulher, tem que ser sempre e ser uma coisa que tem que passar por todas as faixas etárias”.

Formação para acolhedoras e acolhedores

Além da exposição, houve oficina de formação para acolhedoras e acolhedores, realizada no campus da URI, no dia 29. Participaram da oficina mais de 40 profissionais da rede local de apoio e acolhimento de vítimas da violência doméstica e acadêmicas e acadêmicos da universidade.

“Pra nós como equipe e integrantes da rede, a formação nos dá um embasamento muito importante, porque precisamos de um constante movimento em torno de tudo que envolve a questão de violência doméstica. Por mais que estejamos trabalhando com isso todos os dias, esses encontros e esse olhar de outros faz com que a gente reconheça melhor nosso trabalho também”, afirmou Laila Sangaletti, psicóloga na Coordenadoria Municipal da Mulher.

Na mesa de abertura da formação, o P. Sin. Fabio Bernando Rucks, presidente da Diretoria Executiva da FLD, destacou a confiança no projeto da Nem Tão Doce Lar. “Nosso desejo e nossa vontade é trabalhar nessas redes. Esse é um trabalho que nos enche de orgulho e que acontece graças às muitas mãos que assim cooperam e ajudam”.

Durante a formação e a exposição, foram entregues exemplares do livreto “Nem Tão Doce Lar: uma vida sem violência é um direito humano” que pode ser acessado aqui.